A Profecia

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Meio, Estreito de Aurora.

Wooyoung e Hongjoong deram passos cuidadosos para dentro da caverna, atentos a cada centímetro de chão e parede. Como a abertura era ampla, a iluminação natural alcançava boa parte da entrada, tornando o começo fácil. 

Conforme avançavam, eles percebiam o nível do chão mudar e começar a descer, como uma pequena e sutil rampa. As pedrinhas nas quais pisavam começavam a ecoar pelas paredes, e a luz do sol começava a recuar. Os capitães foram cautelosos até aquele momento, mas então perceberam que nem todo cuidado do mundo os faria enxergar no escuro. 

— Quer voltar e pedir um lampião ao povo de Mist? — Wooyoung perguntou, apoiando a mão no ombro do amigo para pará-lo. 

— Acha que eles têm isso aqui? 

— Uma tocha também serve. Se importa de refazer o caminho? 

Hongjoong negou com a cabeça, ainda tinha um pouco de luz para permitir que Wooyoung visse o gesto. 

— Ótimo. Vamos voltar então. — Wooyoung estava se virando para começar a subir de volta o pequeno morrinho quando Hongjoong segurou sua mão.

— Espera. Não acha que teriam nos dado uma tocha se soubessem que precisaríamos? 

— Acho. E é por isso que não nos deram. Eles nunca vieram aqui. Como saberiam, gênio? 

— Merda — Hongjoong bateu na própria testa. — Eu tinha esquecido! 

Ele estalou a língua antes de concordar em voltar. Eles não queriam refazer todo o caminho, mas se queriam enxergar pelo menos um metro à frente, precisavam refazer. 

Wooyoung deu um passo para cima e pisou em falso em uma pedra, e o chão terroso cedeu. Por reflexo, ele girou e caiu com o quadril no chão em vez de com a cara. Mais terra cedeu e ele escorregou, derrubando Hongjoong, que estava atrás, sobre si mesmo. Wooyoung gemeu quando o peso de Hongjoong atingiu seu ombro esquerdo, mas nem teve tempo para checá-lo. Eles deslizaram para o buraco tão rápido junto à terra e pedras, que a luz do sol sumiu dentro de segundos. Os gritos deles ecoavam pela caverna enquanto rolavam ladeira abaixo, mal sentindo os cortes e arranhões no processo de tão estarrecidos. 

E então eles começaram a rolar para direções diferentes. E, antes que percebessem, estavam separados. 

Hongjoong estagnou no chão quando, depois de rolar aquilo tudo, caiu de um pequeno desnível de menos de um metro. Não se machucou com a curta queda, mas logo começou a sentir ardências pelos braços e rosto. Ele sequer conseguia averiguar o tamanho e profundidade dos arranhões e cortes, estava tudo completamente escuro. Uma escuridão aterrorizante, na qual ele não conseguia enxergar nem a silhueta dos próprios dedos abertos na frente do rosto. 

O coração dele começou a bater mais forte. Ele tateou o chão e descobriu que era úmido. Areia molhada. Tateou mais em busca de encontrar Wooyoung enquanto ciciava o nome dele, cuidando para não alarmar qualquer coisa ou alguém que pudesse estar fazendo companhia a eles ali embaixo. Mas ele tocava e tocava e só sentia areia úmida e pedrinhas, nada de corpo. 

— KIM HONGJOONG! HONGJOOOOONG!

Hongjoong estremeceu inteiro ao ouvir a voz de Wooyoung e levantou no mesmo instante, esticando os braços para tentar encontrar parede. Ele sorriu porque o haliano estava vivo, mas xingou um palavrão — não muito feio — porque ele estava vivo e gritando como se não pudesse existir perigo nenhum.

— HONGJOONG!

— Shhhhh! Eu estou aqui, Wooyoung, não grita!

— QUE? — Mesmo alta, a voz dele parecia um pouco distante. Hongjoong deu passos cuidadosamente lentos na direção da qual parecia vir o escândalo de Wooyoung. 

Ele é o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora