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   Pouco tempo depois, não duas, mas três mulheres usando simples vestidos azuis vieram até mim e me guiaram pelos corredores brilhantes, uma escadaria em caracol nos mesmos tons de azul marinho e dourado até o que eu imaginei que seria meu quarto. Era um pouco maior que o meu em meu palácio. Uma cama com cabeceira dourada e cortinas e lençóis azuis ocupava o meio do quarto. Ao redor, um sofá; uma penteadeira enorme; um armário; escrivaninha; uma cômoda e um piano. Um piano dourado. Lindo.

- O banheiro é por aqui, alteza. - Uma das mulheres disse, indicando a direção com a mão.

Reparei em seus cabelos vermelhos como o fogo, bem presos em um rabo de cavalo. A outra, que parecia mais jovem, estava mexendo dentro do guarda roupa e a terceira, de cabelos escuros e pele cor de mogno, tinha seguido para dentro do banheiro. As duas no quarto arquejaram quando retirei a capa e deixei à mostra o sangue em meu vestido, mas não comentaram nada. Não protestei quando a ruiva desatou os laços do vestido e este caiu de meus ombros até formar um círculo envolta dos meus pés.

- A banheira está pronta.

Ao aviso, não perdi tempo para me jogar na água. O alívio foi quase instantâneo. Elas me ajudaram a esfregar meu corpo até a camada de sujeira e sangue seco sair. A de cabelo cacheado saiu, dizendo que iria pegar curativos assim que viu os quatro furos em meu ombro, das garras da onça que tinha matado. Depois de lavar o cabelo e finalizar o banho, senti como se tivesse perdido dez quilos.

- O rei apenas pediu que saísse do quarto amanhã cedo, portanto, pode descansar o resto do dia inteiro - a ruiva avisou.

- Qual é o nome de vocês? - perguntei.

- Sou Mortri, esta é Aphil e a loira se chama Desti.

- Podem me chamar de Rose.

As duas me ajudaram a colocar um vestido simples azul, de alças finas, quase como uma camisola. Mortri penteou meu cabelo enquanto Desti fazia os curativos em meus machucados. Sempre muito caladas, não falavam nada a não ser que eu perguntasse. Era estranho, estava acostumada com Nya que sempre conversava comigo. A única que conversava comigo. Me perguntei o quão sozinha eu ficaria ali, se iria aguentar aquele silêncio que me obrigava a ouvir meus próprios pensamentos.

- A senhorita vai querer descansar ou dar um passeio? - Aphil, questionou quando terminaram de me arrumar.

Quase pude ouvir meus músculos gritando por uma pausa, por umas horas de sono. Senti a moleza de meu corpo quase impossível de controlar. Queria conhecer o castelo, mas teria de fazer aquilo em outro momento.

- Vou dormir um pouco - respondi.

As três assentiram e foram mexer nos lençóis azuis da cama. Não esperei que fizessem muita coisa, apenas me joguei no colchão macio e fechei os olhos. Não ouvi quando elas saíram, não ouvi nem mais uma palavra. Bastou me cobrir para que eu caísse no inconsciente do sono imediatamente.

(...)

Quase não acreditei quando as meninas me acordaram de manhã. Eu tinha dormido durante o dia inteiro sem acordar em nenhum momento. Prepararam mais uma vez um banho perfeito para mim. Me sentia renovada, quase outra pessoa.

- Qual vestido vossa alteza prefere? - Desti perguntou, me mostrando dois modelos diferentes.

- Não precisam me tratar formalmente aqui dentro - avisei. - E prefiro o da esquerda.

Escolhi o vestido branco, com apenas algumas partes manchadas de azul, era longo, mas a saia não era cheia como a maioria dos meus vestidos. O decote nos seios era grande, maior do que eu estava acostumada e as costas eram abertas, mas uma capa quase como um véu se estendia de uma manga caída até a outra, me expondo menos. Não colocaram nenhum espartilho em mim e ao mesmo tempo que aquilo era um alívio, também era um tormento. Me sentia largada. Colocaram um salto azul em meus pés, que não era muito alto.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora