DOZE

720 79 10
                                    

  - Faltam menos de trinta minutos! - Aphil avisou, entrando em meu quarto a passos rápidos.

- Não consigo respirar! - reclamei e Desti afrouxou o laço do vestido.

- Por que está vestindo ela com isso? Ela vai estar representando sua corte, tem que vestir suas cores!

- Não tem nenhum vestido rosa nesse castelo, Aphil - Mortri interveio. - Acredite, eu procurei.

- Então coloquem um branco, amarelo ou qualquer outra cor que não represente outra corte!

Encarei o tecido preto que me cobria. Era deslumbrante, realmente, mas o que Aphil dizia tinha sentido. Desti começou a desatar toda a amarração enquanto as outras já fuxicavam meu armário em busca de outro. Fiz uma careta que demonstrou o quanto eu odiei o vestido laranja que Mortri arrumou.

- Esse! - Aphil gritou, tirando o vestido de dentro do armário.

O vestido era amarelo com algumas manchas brancas. Assim como o que eu usei durante o dia, as mangas eram caídas e uma capa transparente se prendia de uma a outra. A saia também não era cheia e o decote ainda era menor do que o primeiro.

- Por mim está ótimo - concordei.

Elas trabalharam rapidamente para tirar o que estava em meu corpo e me vestir com o novo. Enquanto Aphil e Desti lutavam para arrumar o vestido, Mortri pegou alguns produtos de beleza e começou a passar em meu rosto. Terminaram quase ao mesmo tempo. Apenas quando fui andar até a prateleira de saltos, reparei na grande pegadinha que era aquele vestido. Uma fenda gigante, quase até os meus quadris, deixava minha perna esquerda à vista de qualquer um.

- Eu não posso usar isso! - protestei.

- Por que não? - Aphil perguntou.

- É indecente. Sou uma princesa, não posso deixar meu corpo à mostra dessa forma. O que vão falar de mim?

Aphil se virou para a caixinha preta de tiaras, pegou uma e veio até mim. A colocou suavemente sobre minha cabeça, de uma forma que meu cabelo não caísse no rosto e sorriu.

- Aqui não é Valicent, princesa. Ninguém dirá nada e se disserem, você continua sendo uma princesa, não diminui em nada quem e o que você é.

- Mas...

- Além do mais, não temos tempo para trocar sua roupa, já está na hora da reunião.

Resmunguei e deixei que colocassem o salto em meus pés. Saí do quarto ouvindo meu coração bater e sentindo as pulsações em cada veia. Estava prestes a participar de uma reunião de governo. Eu nunca sequer tinha sonhado com tal coisa. Não sabia o que devia falar, se devia contar tudo o que aconteceu, não sabia quem eram aquelas pessoas. Eu estava à beira de um colapso. As meninas me levaram até a porta da sala de reunião e a partir dali, eu estaria sozinha.

Respirei fundo antes de acenar para o anunciador. O homem baixinho consentiu e abriu a porta, entrando primeiro e dizendo meu nome, para só então abrir caminho para que eu entrasse.

Era maior que o escritório de meu pai. No centro, uma mesa grande de armação dourada e vidro azul, rodeada por mais de dez cadeiras. Quase todas ocupadas, menos uma, entre Raence e Mazen. Um minuto de atraso, aquele povo era mesmo pontual. Todos observaram em silêncio eu ocupar o lugar reservado para mim. Alguns presentes eu reconhecia do café da manhã, mas outros nem tanto.

- Todos sabem porquê estamos aqui - Raence começou. - Nenhum de nós tem medo da iminente guerra que enfrentaremos, eu sei, mas agora vejo uma forma, não de evitá-la, mas de garantir que não aconteça de novo.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora