TRINTA

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  - Levante!

O susto me fez acordar em um salto, o coração acelerado martelando meu peito. Raence estava parado em frente a minha cama, os braços cruzados sobre o peito e a expressão séria. Puxei o cobertor até o pescoço, escondendo o decote de renda da camisola fina. Esfreguei os olhos, sentindo meu rosto inchado.

- O que aconteceu? - perguntei, a voz oscilante pelo sono.

Uma olhada para a janela e pude ver que o sol sequer despontava no céu. A escuridão da noite ainda nos cobria.

- Vamos treinar - anunciou. - Não achou que só porque fiquei fora por um tempo iríamos parar, não é?!

- Ainda é noite! - Apontei para a janela. - E você nunca vai aprender a bater na porta?

Um sorriso fino se esticou para um lado de seu rosto, acabando com sua pose firme. Captei cada movimento quando ele apoiou um joelho no colchão, se inclinou para frente, apoiou as mãos em punho cada uma de um lado das minhas coxas, ficando próximo ao meu rosto.

- E então qual seria a graça? - sibilou. - Daria tempo para você trocar a roupa e devo dizer - seu sorriso se tornou viperino - que adoro essas camisolas.

Engoli o nó que se formou na minha garganta e abri os lábios para respirar melhor quando o ar se tornou rarefeito. Seus olhos acompanharam minhas reações e me amaldiçoei por sua expressão de satisfação.

- Agora levante, minha dama!

Pude respirar normalmente quando ele voltou a se afastar, levando todo o sono que me deixava lenta com ele. De repente, eu estava bem acordada. Raence não fez questão de se virar para que eu me levantasse; sempre muito cortês. Abri meu armário em busca da minha roupa de couro.

- Se quiser ajuda para se vestir... - insinuou.

- Guarde suas mãos para si mesmo! - respondi, estreitando os olhos em sua direção.

Raence sorriu, quase uma risada, encostando a cabeça na parede atrás de si mesmo e fitou o teto. Corri para trás do biombo e me apressei para vestir o couro. Tentei veementemente amarrar os laços da parte das costas, mas minhas habilidades nunca foram muito trabalhadas, por tanto, eu só estava fazendo uma grande bagunça. Considerando minhas opções, talvez fosse melhor ficar um pouco mal amarrado. Bufei, sabendo que aquilo não era verdade. Segurei as duas pontas do tecido grosso com força e andei até o rei, virando de costas e puxando meu cabelo para frente.

- Pode amarrar para mim?

- Não sei - respondeu. - Minhas mãos devem estar guardadas para mim.

- Não use minhas palavras contra mim!

Com as mãos nas costas, ele se aproximou mais, até sua respiração atingir minha nuca. Tive de me esforçar para respirar.

- Eu seria um tolo se a desobedecesse, majestade. - murmurou.

Não pensei no quão próximos nossos rostos iriam ficar quando virei o meu em sua direção, nem sequer imaginei o quanto meu coração iria acelerar com aquilo. Engoli em seco e forcei minha voz a sair.

- Então sou obrigada a ordenar que faça o laço para mim!

Encarei o sorriso viperino que nasceu entre suas bochechas.

- Nesse caso... - considerou e não demorou meio segundo para que sentisse suas mãos substituindo as minhas.

Raence não se afastou ou desviou o rosto para olhar o que estava fazendo. Seus dedos brincavam com as cordas enquanto ele continuava quase em cima de mim. Arfei quando senti o puxão que apertou a roupa, quase me deixando sem ar e nos aproximando ainda mais.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora