QUARENTA E UM

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  Meu corpo estava mole, pesado.

Imaginei se conseguiria mover a mão. Como eu previa, não consegui.

Meus olhos pareciam estar grudados. Eu sequer sabia se queria de fato abri-los. Talvez fosse melhor dormir enquanto estamos nas mãos deles, talvez dessa forma não sentimos dor. É, era uma opção boa. Talvez a opção que eu escolheria antes.

Antes de colocar na minha cabeça que uma rainha precisa ser corajosa.

E, mesmo sendo mais fácil, menos dolorosa. Era uma escolha covarde.

Eu não era covarde.

Além de tudo, eu precisava saber como eles estavam. Precisava acalmar o coração que batia apertado em meu peito. Não sabia o que faria caso eles não estivessem bem.

Eu tinha que ser corajosa. Precisava abrir os olhos.

E eu o fiz.

A claridade me incomodou, me cegando por alguns segundos. Minha cabeça doeu, latejou fortemente. Devia ser algum efeito da droga que usaram para nos apagar. Encarei minhas mãos, esperando ver as cordas para me prender na poltrona cuja eu estava sentada. Não havia nenhuma entretanto. Examinei a sala, bem iluminada com tochas para todo lado, algumas janelas arqueadas estavam abertas, dando uma vista ampla lá de baixo. Onde quer que aquilo fosse, era alto. Bem alto.

Em uma poltrona na minha frente, Clare estava sentada, apagada. Me levantei, ignorando as reclamações do meu corpo e abaixei ao seu lado. Toquei seu rosto e sacudi levemente.

- Clare, acorda, precisamos sair.

Balancei seu corpo levemente e bastou isso para que ela acordasse. Apertou os olhos para abri-los em seguida, me encarando.

- Maldita! - praguejou, se levantando.

Fiz o mesmo, dando de cara com um grande e largo sofá atrás de mim, no qual Raence estava deitado. Me sentei na beirada, o sacudindo para acordá-lo assim como fiz com a mulher. Apliquei mais força quando ele continuou dormindo, completamente alheio aos meus chamados. Estava respirando, porém. Ainda assim, eu estava começando a ficar nervosa.

- Me fez sair de um lago congelado sozinha e não consegue superar uma droga? - briguei, balançando-o ainda mais forte.

- Se jogarmos água nele?

Encarei-a.

- Onde iríamos arrumar água, Clare?

- Não vai adiantar!

Me pus de pé diante daquela voz, escondendo Raence de sua visão. Liriana entrou na sala, que não parecia estar trancada. Usava um vestido simples, nada pomposo e tinha os cabelos presos em um coque. Não carregava nenhuma arma, ao menos não à vista.

- Dei a ele o dobro do que apliquei em vocês, não poderia correr o risco de ele acordar.

- O que você quer?

Ela sorriu, sentando-se onde eu estava antes.

- Não queria que me entendessem mal. Só não podia deixar que descobrissem a localização desse lugar.

Ergui as sobrancelhas, irritada.

- E então nos drogou? Drenou nossa energia?

Ela negou, balançando a cabeça.

- Não faria isso. Eu apenas desativei ela temporariamente.

- Claro, e isso é muito melhor, realmente.

Liriana suspirou, voltando a ficar de pé.

- Tenho lutado muito por essa causa, por essa gente, não poderia arriscar. Vocês não concordariam em ser vendados e trazidos para cá. Não foi uma boa forma, mas tinha que ser feito.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora