VINTE E SETE

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  - Ele acha que com Raence fora de jogo a tomada de Sindra será fácil - analisei, olhando os mapas.

- Já avançaram em grande parte a fronteira. - Mazen alertou.

- Por isso que devemos intervir logo! - Clare protestou.

Pela área que Mazen tinha marcado, mais da metade da fronteira entre os dois reinos estava tomada. Segundo informações, as tropas avançavam um pouco a cada dia. Iria chegar direto nas cidades quando invadissem.

- Iremos cansar os soldados na viagem até eles - declarei. - Se deixarmos virem até nós...

- Pode ser perigoso - ela rebateu.

- Os soldados deles vão estar cansados e com frio. Eu já fiz esse mesmo caminho, sei o quanto pode ser árduo. Podemos colocar uma barreira aqui e interceptá-los quando chegarem.

- Pode ser um bom plano - o general concordou.

- Onde está Jerich? - perguntei.

- Escrevendo cartas para Winslov.

- O que quer com ele?

Balancei a cabeça, não tinha nada que comprovasse minhas suspeitas, então não podia acusá-lo de nada. Primeiro teria que achar uma forma de provar que eu estava certa e não maluca.

- Quando elas serão enviadas? As cartas, quero dizer.

- Ele mesmo as deixa com o carteiro. - Clarence contou.

- Que passa quando?

- O que está acontecendo, Rose? - Mazen questionou. - Nos conte e poderemos te ajudar. Estamos aqui para isso, você não precisa fazer tudo sozinha.

Suspirei, passando as mãos pelo rosto. Ainda era um pouco difícil entender que eu não precisava mostrar o meu valor o tempo todo. Sentia que sendo rainha, eu tinha que ter feitos extraordinários todos os dias. Principalmente com Raence no estado em que estava.

- Sinto algo estranho quanto a ele. - contei. - Se puder pegar um deslize, então pensarei em algo que seja irrefutável. Uma armadilha. Mas preciso saber que não estou louca.

- Tudo bem, vou dar um jeito de pegar essas cartas. Trago para você até amanhã.

Agradeci com um sorriso e eles me deixaram sozinha. Era estranho andar naquele castelo sem a presença de Raence. Quer dizer, aquilo tudo era dele e ele não estava ali. Até Clare e Mazen não conseguiam manter o clima bom por muito tempo. A aura pesada do medo nos assombrava em cada canto. A desesperança era o vento gelado que se acomodara em meu estômago e não saía por mais que eu tentasse todos os dias.

- Seu jantar - um dos criados declarou, adentrando a sala do trono com a expressão fechada.

Todos da corte andavam assim nos últimos tempos, ninguém realmente aceitava uma mulher como governante, mas todos sabiam seu destino caso abrissem a boca para protestar.

- Pode deixar ai mesmo. - respondi e fiz questão de não agradecer.

À tarde, na primeira oportunidade que tive, fui até a torre onde Raence havia instalado um piano para mim. Sentia falta de tocar, parecia uma coisa fútil visto o que estávamos atravessando. Ali quase podia sentir o calor e a agitação de seu abraço. A pressão do seu toque. Sequer tinha tanto tempo, na verdade, mas com tudo o que vinha acontecendo, parecia uma eternidade.

Me sentei no pequeno banco e me deixei ser egoísta. Devo ter passado mais de uma hora por ali, apenas sentindo a melodia levar minha alma para longe de todo aquele turbilhão de problemas.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora