DEZESSETE

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  - Não chegamos há muito tempo - Clarence contou. - Vocês pararam a noite?

- Paramos para um banho.

- Como sabiam que vocês estavam indo? - Calion questionou, em pé, andando de um lado para o outro na sala de reunião. Não sabia qual era a sua dificuldade em sentar para discutir, mas certamente ele não parecia gostar.

- Não deviam saber - Mazen completou. - Fizemos todos os arranjos em tempo recorde desde o convite de Dárius justamente para que a notícia não se espalhasse.

- Parece que falhamos - Raence esclareceu, com mau humor.

- Eles atacaram primeiro - Clarence disse, com raiva estampada. - É a nossa vez, temos que retaliar!

- E o que tem em mente? Invadir o castelo? - o rei ironizou. - Não estamos prontos ainda.

- Vamos deixar passar em branco?

- Não - o tom de voz foi severo, frio e assombroso. - Vamos guardar e entregar a eles o que lhes pertence na hora certa. Téliso está desesperado, por isso nos atacou tão precocemente. Ele sabe que estamos nos preparando e quer aproveitar esse momento que ele supõe estarmos vulneráveis.

- Meus informantes em Valicent disseram que Téliso disse a Protuno que a princesa fora sequestrada. - Jerich contou.

- Não quer arriscar perder a confiança de Miriath. - Calion constatou, a mão no queixo e os olhos centrados em qualquer lugar que não fosse em nós deixava a impressão de que ele estava preso em seu mundo e em suas próprias teorias.

- Como assim? - me pronunciei pela primeira vez.

- Seu pai estava seguro de seu aliado por causa do seu casamento, se ele confessar que você fugiu estará demonstrando uma moral fraca, pessoas instáveis em seu reino. Pode achar que Protuno deixaria de apoiá-lo e viria para o nosso lado.

- E assim ele não teria nenhuma chance - Mazen completou.

- Como se fossemos lutar ao lado daquele desgraçado! - Clarence esbravejou, batendo com o punho na mesa.

- Por que não? - perguntei diante de tanta raiva.

- O mais recente motivo foi o alucinógeno que colocou na bebida de Raence antes do duelo em Valicent.

Olhei imediatamente para o rei, que não parecia afetado ou surpreso com a declaração. Me lembrei da luta que teve com Jaxin, a forma como suas pernas vacilaram enquanto deixava o campo. Sabia que tinha algo errado, mas não imaginei em nenhum momento que haviam armado para ele. Era inescrupuloso de uma forma surpreendente. Onde estava a honra dele?

- Eu não podia imaginar.

- Além disso, Protuno e o filho são escórias desse mundo - Clarence acrescentou.

- Usam as mulheres o ano inteiro como bem entendem e acham que deixando-as livres por um dia estão sendo caridosos e honrados. - Mazen explicou.

- Como souberam que estávamos indo a Dárius? - tentei mudar o assunto. - Se dizem que fizeram o possível para que ninguém soubesse, a informação deve ter saído daqui de dentro.

- Impossível! - Raence discordou.

- Bom, não tem outra forma. Vocês tem informantes em meu reino, meu pai não poderia ter um aqui?

- Sabe de alguma coisa? - Mazen perguntou, estreitando os olhos em minha direção.

- Não. Meu pai não discutia essas coisas comigo. Só estou supondo.

- Está errada. Todos são de minha confiança aqui. - Raence garantiu.

- Se acha tão invencível que seria impossível passar por suas barreiras?

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora