QUARENTA E SEIS

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  - Precisa de algo, princesa? - Mortri perguntou quando adentrei a grande cozinha do castelo.

Como não estavam em meu quarto, imaginei que estariam ali. Para a minha sorte, as três estavam sentadas mexendo algo em vasilhas grandes. Cumprimentei com um aceno os outros criados ali e me virei para elas.

- Preciso que me acompanhem até o meu quarto.

Encarei o chefe da cozinha, que acenou em afirmação. Empolgadas, as meninas largaram seus afazeres, lavaram suas mãos e me seguiram pelos corredores até nosso destino.

- Posso confiar em vocês, não posso?!

As três se olharam, os cenhos levemente franzidos como se estivessem confusas sobre o que estava acontecendo.

- Claro que pode - Aphil foi quem tomou a dianteira. - Estamos aqui para isso, Rose.

- Certo - suspirei. - A princípio, saibam que não são obrigadas a nada, tudo bem? - Elas confirmaram. - Ótimo. Vamos enfrentar Valicent e Miriath logo antes que eles nos ataquem e preciso comunicar nossos aliados sobre nossa estratégia. O rei de Dárius escolheu ficar ao lado de meu pai e isso nos deixa à beira da guerra, não há nenhuma forma de irmos pessoalmente contatá-los.

Desti arquejou, parecendo horrorizada com a ideia da batalha.

- Estas cartas contém todas as informações mais importantes e perigosas sobre nós. Preciso que cheguem às mãos certas e preciso saber que essas informações não vão vazar. Preciso de pessoas de confiança e não pude pensar em ninguém além de vocês. Vocês poderão viajar sem chamar atenção e se meu pai tiver espiões aqui, não vão suspeitar de vocês. Acham que podem fazer isso por mim? Por nós?

- E se não chegarmos a tempo?

- Vão chegar - garanti. - Colocarei cada uma em uma carruagem diferente e seguirão até os reinos destinados...

- Reinos? - Aphil questionou. - Que reinos?

Suspirei, não hesitando em contar a história sobre os Revolucionários.

- Me disseram uma vez que você é de Dárius, imagino que teria mais facilidade em encontrá-los. Sei que pode ser difícil voltar, mas acha que consegue?

Deixei a carta estendida em sua direção, esperando sua resposta. Ela levantou o braço, os dedos trêmulos e não totalmente esticados agarraram o pergaminho. Observei seu peito estufar e seus olhos serem preenchidos por determinação.

- Farei isso!

Sorri em agradecimento e dei a outra carta para Mortri, que não hesitou.

- Direi a todos que foram visitar familiares - expliquei. - Vocês precisarão voltar com a resposta deles, sendo afirmativa ou negativa. E exijam entregar as cartas diretamente aos líderes. De preferência deixe com Calion e você - Me virei para Aphil - procure Liriana.

Segurei as mãos de Desti, sorrindo calorosamente.

- Você pode entregar outra coisa para mim?

Seus olhos mostravam receio, mas ela assentiu. Caminhei até minha escrivaninha e escrevi um breve aviso no pergaminho, dobrando-o e selando.

- Entregue isso ao comandante das tropas de meu pai, irá reconhecê-lo por uma cicatriz no ombro. A marca de uma mão.

(...)

Deixei que elas arrumassem suas coisas enquanto eu providenciava as carruagens. Não disponibilizei carruagens oficiais para não chamar atenção, mas aluguei as melhores da cidade. Agradeci mais uma vez antes de partirem e observei enquanto se afastavam. Voltei para dentro das paredes azuis e douradas, encontrando Raence e Mazen ainda no salão de reuniões. O primeiro estava curvado sobre o mapa, estudando algo. Mazen apenas observava.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora