VINTE E NOVE

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. Os arrepios causados pelo suave movimento em meus cabelos percorriam todo o meu corpo. Era confortável, acolhedor. Apertei os olhos, me aconchegando mais na superfície quente e macia na qual eu estava em cima. Não queria acordar, não queria sair dali, não queria enfrentar os problemas que eu sabia que me esperavam. Agarrei a blusa de Raence, para ter certeza de que nada iria me levar para longe.

Raence...

Abri os olhos rapidamente e encarei seu rosto. Acordado, completamente consciente. Eram seus dedos abrindo caminho entre os fios de meu cabelo.

- Você está bem? Está bem mesmo? Eu...

- Shh! - sibilou, puxando minha cabeça de volta para seu peito. - Pode descansar agora, Rose, nada chegará até você.

Segurei com toda a força que tinha as lágrimas. Ouvir sua voz de novo era abrir uma torneira de alívio em meu corpo. Não lutei contra seus braços que me prendiam ao seu corpo. Percebi que de alguma forma eu tinha acabado deitada na cama, com o torso em cima do dele. Raence encostou sua bochecha em minha testa, estava quente de novo. Formigamentos me atingiram. Não conseguia acreditar. Ele estava ali. Me apertei ainda mais contra ele, completamente movida pela emoção.

- Você está acordado...

- Você conseguiu, Rose. Sabia que conseguiria.

- Como assim?

Ele riu suavemente. Senti o retumbar de seu peito embaixo de mim. Era como estar nas nuvens. Não existiam problemas ali, nada além de nós dois.

- É difícil de explicar, na verdade. Eu senti você todas as vezes, eu sabia que você estava perto, mas eu não conseguia fazer nada. Era como estar preso em um looping infernal. Eu só queimava e queimava e não conseguia sair dali, não conseguia pensar em mais nada, mas de alguma forma eu senti você, só estava longe demais. Mas sabia que chegaria até mim em algum momento.

- Eu sinto muito - sussurrei.

- Já passou.

Voltei a fechar os olhos, tentando absorver o máximo daquele momento. Seu cheiro, a temperatura do seu corpo, a forma como seu peito subia e descia devagar conforme sua respiração. As batidas de seu coração em meu ouvido.

- Eu sabia que estava sendo torturado - admiti. - Queria ter conseguido fazer algo antes.

Ele balançou a cabeça devagar, discordando.

- Você fez. Toda vez que enviou sua energia para mim, você me deu esperança, Rose. Você me deu algo ao qual eu podia me agarrar nos momentos em que achei que fosse sucumbir, me perder dentro da minha própria mente. Quando eu estava à beira de esquecer tudo o que havia aqui fora, quando eu só via fogo e sangue, eu me lembrava de que você estava aqui e sabia que precisava resistir, te esperar.

A lágrima escorreu do meu olho, molhando meu nariz até cair em sua blusa. Ele me apertou mais em seus braços.

- Deve ter sido horrível.

- Quando fui a Valicent para impedir um casamento jamais pude sequer imaginar que encontraria algo como encontrei com você.

- Impedir um casamento? - levantei o rosto para conseguir vê-lo.

Estava com um sorriso fácil e raro cortando suas bochechas.

- Seria ruim para mim se firmassem uma aliança tão forte como um casamento.

- Foi até lá para atrapalhar os planos de meu pai de me casar com Jaxin?

Ele meneou os ombros, claramente não sentindo nenhum remorso.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora