VINTE E OITO

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  - Como apoiou essa ideia maluca? - Clare perguntou, a raiva brilhando em seus olhos.

- Pode dar certo, Clare - insisti. - Eu só preciso tentar mais. Se eu conseguir fazer com que ele me veja... Tenho certeza que posso trazê-lo de volta. Se você pudesse sentir... Tem algo que o mantém longe, intocável. Eu só preciso passar por isso e vou tê-lo!

- Não podemos correr o risco de você ser atingida! - ela lembrou. - Nós não podemos subir ao trono e se algum homem da corte o ocupar, tudo pelo o que estamos lutando estará perdido!

- Sugere que não tentemos libertá-lo?

- Quando pudermos arriscar, não agora!

Me levantei, a respiração saindo do meu controle.

- Ele está sufocando! - me exaltei. - Sendo desfeito e feito só para queimar de novo. Eternamente. Não vou deixá-lo assim, não sabendo que posso fazer algo!

- Mas você não sabe, não conhecemos o que o está atingindo. Isso é só uma hipótese!

- É o mais próximo que ele tem da salvação, da esperança. Ele salvou você uma vez, não pode estar realmente preferindo deixá-lo ser torturado.

Clarence fechou os olhos com força, resmungando algo que fui incapaz de ouvir.

- Brigarmos não vai adiantar - Mazen se impôs. - Rose está certa, se fosse qualquer um de nós ali, ele não hesitaria.

- Tudo bem, mas hoje a noite temos que estar a postos na represa.

- Vocês podem ir e eu fico aqui tentando.

Ela não gostou da ideia, sua expressão era o suficiente para sabermos sua opinião. Para mim a escolha era simples, nada difícil de decidir. Raence precisava de mim e que tipo de ser humano eu seria se não ajudasse quem havia me dado tudo quando eu não tinha mais nada?!

- Acho perigoso - Mazen opinou. - Você ficou fraca quando tentou e eu estava aqui para te ajudar. Vai estar sozinha.

- Posso pedir para as meninas me fazerem companhia.

- Devia ir conosco. Raence não abandonaria um confronto por isso.

- Só que eu não sou ele, Clare. Vou ficar e ajudá-lo como puder! - dei a palavra final. Não iria mudar de ideia.

Lembrei-me do rosto dele, não podia mudar de ideia. Eles dariam conta, não precisavam de mim. Meu treinamento sequer chegava perto do deles. Seria mais útil com Raence do que na represa. Eu tinha desesperadamente que me convencer daquilo.

- Vou ver como estão os soldados e sairemos. Tem certeza do que vai fazer? - ela insistiu.

Dei um aceno com a cabeça, mantendo o silêncio. Conformada, Clare deixou a sala de reunião, Mazen não demorou a ir atrás dela e eu segui para o quarto de Raence. Ele estava sentado na cama novamente. Retirei o casaco de pele grosso e o deixei em cima de uma cadeira, me sentando ao seu lado no colchão macio.

- Se fizermos isso rápido podemos ir os dois para a emboscada. - brinquei, sabendo que ele não ouviria.

Segurei seus dedos gelados entre os meus, puxei uma respiração profunda, me preparando para a dor que iria me atingir. Passei o polegar sobre sua bochecha, desenhei o contorno de seus lábios me lembrando da sensação de seu toque. Encostei minha palma em seu rosto e deixei a energia fervente ir até ele. Fui inúmeras vezes esmagada pela aura negra que me deixava de fora. Sentia azia, tontura e minha cabeça parecia explodir. Era odioso a forma como aquilo parecia ser cem vezes mais forte do que eu.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora