VINTE E CINCO

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- Por que os soldados não vieram dar apoio? - questionei em voz baixa a Clarence.

- Ficaram protegendo o povo. Viemos primeiro reconhecer o perímetro, saber quem é nosso inimigo. Lembra do que te falei sobre estratégia? Se houvesse necessidade, voltariamos e traríamos soldados, mas não há. Somos perfeitamente capazes de lidar com quinze dos seus.

- Clarence! - chamei. - Não pode matá-los.

- Se não conseguir mandá-los embora de outra forma, será assim.

- Eu concordo que meu pai e os outros devem pagar. Não eles!

- Se não atacarmos com força, seremos atacados. Não podemos ter piedade ou pensar em quem é o culpado. E se estão aqui para nos ferir, não podemos livrá-los das consequências apenas porque não é ideia deles. Em uma batalha, ou você mata ou morre.

Engoli em seco, tentando remendar o vazio que ficou em meu coração depois de perceber que ela tinha razão. Eles eram meus amigos naquele ponto, não podia deixar que os ferissem. Respirei fundo e assenti, lhe dando o aval que precisava. Árvore após árvore meus batimentos aceleravam, meu sangue pulsava em meu ouvido, eu podia sentir o suor se acumulando na minha testa e mãos. Eu estava indo em direção ao massacre dos meus próprios soldados.

Quando os avistamos, paramos de andar. Clare me encarou, indicou as direções com o dedo e esperou minha confirmação. Com a mão pouco trêmula, saquei minha espada e acenei para ela, que logo saiu para os cercar. Fui pela direita e esperei até vê-la em sua posição. Todos os soldados eram homens, todos estavam armados, a postos, como se nos esperassem. Fechei os olhos, me convencendo de que aquilo era o que eu devia fazer, devia proteger os que me protegiam. E quando avistei os olhos frios de Clare, avançei. Corri com a espada empunhada e ataquei enquanto ela fazia o mesmo.

Deixei minha energia fluir a todo vapor, deixei que queimasse minha pele e a atravessasse. Quando dois homens vieram para cima de mim, adentrando a área envolta por mim, rapidamente suas armas esquentaram de tal forma que não conseguiram mais segurar. Rapidamente, aproveitei a brecha e os atingi na barriga e no braço, partindo logo para os outros. Adrenalina corria por todo o meu corpo, tentei ao máximo não prestar muita atenção em minhas ações, agindo apenas por instinto. Mirei minha energia em um único soldado, aquecendo seu corpo, fazendo seu sangue borbulhar e a pele queimar até entrar em combustão. O homem gritou, se contorcendo e olhando horrorizado para si mesmo. Um impacto forte na lateral do meu rosto me desconcentrou, me fez recuar. A dor se espalhou como uma praga ardente pelo meu osso. A espada do adversário foi erguida contra mim e tive que ser rápida para desviar.

Rolei no chão, me levantando fora de seu alcance. Duas mãos grandes agarraram meu pescoço e só então percebi que em algum momento minha energia se acalmou. O homem apertou, me deixando sem ar. Meus pulmões doeram, se contorceram e arderam com a falta de oxigênio. Com o último fôlego soquei o queixo do meu agressor, que gemeu e suas mãos cederam. O afastei e dei mais dois golpes em seu rosto, o derrubando no chão ao atingir sua perna com minha lâmina.

Ao me virar, vi Raence e Mazen lutando do outro lado. Os rostos absurdamente concentrados, as lâminas reluzindo o brilho do céu nas partes que não foram cobertas por sangue. Raence atravessou a espada no peito de um dos soldados e utilizou seu corpo como escudo para o golpe do outro. Dois homens foram jogados a uma longa distância pelo vento antes de chegarem ao rei. Ele lutava sem dificuldade, empunhava a espada como se fosse parte de si. O brilho que vi em seus olhos muitas vezes, não estava ali naquele momento. Ele apenas parecia um anjo da morte, ceifando qualquer um em seu caminho.

Me viraram pelo braço, desferindo um soco em meu rosto antes que eu pudesse perceber. A espada caiu de minha mão e eu tive que agir rápido. O fogo foi liberado, corroeu minhas entranhas, voltou a ser parte de mim. Minha pele brilhou, formigou e ardeu. Meu coração bateu forte, com raiva. E eu ataquei. Avancei no homem, segurando seu pescoço como fizeram comigo, mas sem apertar, apenas sentindo sua pele se desfazer sob a minha.

O Diadema Da Coroa [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora