Cidade dos Mortos

No meio de rosas vermelhas

Acordo com mãos grandes em volta de mim.

Mas não para me matar.

Para me acordar.

— Emma... Emma.

Pisco os olhos, vendo um emaranhado de cabelos cacheados em meu rosto.

— O que...

Olho ao redor, estava em um tipo de quarto deitada em uma cama baixa.

— O que... o que aconteceu?

Lisa me olha com relutância, ainda usando seu tapa olho mesmo para dormir.

— Você estava gritando, acho que estava tendo pesadelos.

Pesadelos?

— Me desculpa... eu não...

Ela volta para a sua cama.

— Vamos voltar a dormir, espero que consiga ter bons sonhos caso o contrário vou pedir para trocar de quarto com Bonne.

— Justo — respondo sonolenta.

Ela se vira em sua cama prestes a cair no sono e eu até queria fazer o mesmo, mas sabia que estava fadada a ficar acordada.

— Vou buscar água.

Ela apenas murmura enquanto saio do quarto. O lado de fora estava escuro, com barulhos de máquinas e roncos do outro quarto. Me viro até uma das bolsas deixadas no chão e bebo a água.

Penso em Wendy, se vai cuidar de Whisky nesse tempo, ou se sabe sobre Thomás. Torço para que não. Estou prestes a voltar quando escuto um barulho vindo do rádio, um emaranhado de sons esquisitos e agudos. Provavelmente está quebrado, amanhã vou pedir para que Bonne conserte.

Termino a água, volto para o quarto e quando durmo não sonho com nada.

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— Merda... o que aconteceu com esse rádio?

— Eu não sei, ele já estava desse jeito ontem a noite, será que não entrou algum bicho dentro ou algo do tipo?

— Se fosse o caso estaria com algum cheiro estranho, sente algo?

Balanço a cabeça negativamente, Bonne solta um suspiro cansado, o rádio continuava a chiar de forma estranha. Escuto barulhos de passos e viro a cabeça encontrando uma Lisa mal-humorada.

— Parece que está havendo uma conspiração para que ninguém durma nesse lugar — Resmunga — Se essa porcaria continuar com esse barulho vou jogar ele na parede.

— Não se atreva — Bonne faz beicinho — Demorei muito tempo para arrumar ele!

— Que belo trabalho! — Ela bufa, mas com um sorrisinho travesso nos lábios.

— Se estiver com problemas para dormir pode mudar de quarto sabia? — Ele ignora a pontada dela.

— Não vai não! Eu não quero dormir com o Luiz!