Seus sonhos estavam cheios de tormento e medo.
Ele não sabia se acordaria vivo no outro dia. Não sabia se conseguiria sequer se levantar. Eles esqueciam de o alimentar, até mesmo as crianças passavam fome e choravam nos cantos de suas celas. Seus sonhos estavam cheios de sangue e morte, a cada dia que se passava ele via sua família, via eles morrendo um por um, via tudo desaparecendo e ficando mais distante... cada vez mais distante....
Eles estavam sendo cada vez mais esquecidos. Deixados ali apenas para serem usados como barganha.
Ninguém se importava com eles.
Apenas queriam Emma e Channel.
Com um pequeno suspiro ele olhou de longe Claire, deitada em sua cela em meio a aquele chão imundo, longe dele, afastada de todos. Apesar de esquecerem de alimentar os moradores, apesar de ele estar morrendo de fome e sede ele sabia que tanto ele quanto Claire eram os mais privilegiados, sabia que eram mais cuidados do que os outros.
Os doutores sabiam.
Eles sabiam tudo.
Sabiam sobre ele e Emma, sabiam que Claire era sua melhor amiga. E principalmente, sabiam que ela faria de tudo para que todos ficassem a salvo.
Lian fechou as mãos com força. Não ousava pensar naquilo. Não queria pensar naquilo, mas sabia, sabia que Emma estava armando alguma coisa, sabia que ela voltaria. Ele a detestou profundamente por aquilo. Quando olhou para Claire viu que ela também a observava, sabia que os dois estavam pensando na mesma coisa.
Ela não pode voltar.
『••♙••』
Tento mexer minha mão. Mas é inútil, está dolorida demais para que consiga mexer meus dedos. Talvez passar o dia socando as árvores não tenha sido a melhor das ideias.
Mas mesmo assim...
— Aonde está indo? — Pergunta Sakura de longe.
— Vou na geladeira pegar alguma coisa, uma pizza cairia bem hein?
Sinto ela revirar os olhos atrás de mim.
— Se continuar a socar as árvores vai perder os dedos.
Não respondo. Ela sabe que eu não ligo.
Mais ao fundo consigo escutar o barulho de batidas, reviro os olhos.
— O que Karen está fazendo? — Sakura pergunta.
— Ela acha que vai conseguir montar uma balsa — Não consigo evitar soltar uma risada áspera e sarcástica.
Desde que descobrimos que estamos presas em uma maldita ilha Karen age como uma criança. Tentando colocar esperança em todas nós como se soubesse o que está fazendo.
Mas não.
Ela não sabe o que está fazendo.
Se soubesse saberia sobre a ilha, saberia sobre tudo isso, se soubesse ela teria nos preparado, se soubesse não teria colocado em nós falsas esperanças. Ela apenas nos arrastou para a morte. E mesmo que tenha nos salvado...
No momento desejo que tivesse me deixado lá.
Pelo menos eu não estaria fugindo. Porque foi isso que eu fiz, eu fugi, abandonei todas as pessoas que confiaram em mim. Se eu estivesse lá eles saberiam ao menos que morri com eles, que estava do lado deles o tempo todo. Agora eu vou morrer e eles nem sequer vão saber. Vão pensar que eu fugi, que lutei apenas pela minha liberdade, vão pensar que eu os abandonei. E tudo será perdido.
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Cidade dos Mortos
Misteri / Thriller🥉 3º 𝐿𝑈𝐺𝐴𝑅 𝐶𝑂𝑁𝐶𝑈𝑅𝑆𝑂 𝑅𝐴𝑃𝑂𝑆𝐴𝑆 𝐿𝐼𝑇𝐸𝑅𝐴́𝑅𝐼𝐴𝑆 𝐶𝐴𝑇𝐸𝐺𝑂𝑅𝐼𝐴 𝑆𝑈𝑆𝑃𝐸𝑁𝑆𝐸 🎖 𝑀𝐸𝑁𝐶̧𝐴̃𝑂 𝐻𝑂𝑁𝑅𝑂𝑆𝐴 𝐶𝑂𝑁𝐶𝑈𝑅𝑆𝑂 𝐺𝑂𝐿𝐷𝐸𝑁 𝐹𝑂𝑋 𝐶𝐴𝑇𝐸𝐺𝑂𝑅𝐼𝐴 𝑆𝑈𝑆𝑃𝐸𝑁𝑆𝐸 Imagine um mundo sendo infectado po...