Sakura se foi.
Em todos aqueles dias ela havia mentido e enganado, havia mentido sobre ter nos seguido pela floresta, havia mentido sobre a mudança de comportamento, sobre tudo.
Sakura havia nos traído.
Os doutores a mandaram para matar Karen, para que pudessem eliminar a ameaça que não era mais do que um pé no saco para eles. Eles a mataram. Sakura a matou.
Sakura me traiu, pela segunda vez.
Traiu Green Lake.
Se ela sempre esteve do lado dos doutores ou se apenas havia feito aquilo para fugir eu não sabia, e nem queria saber. Eu havia sido traída e enganada, de novo, dei tudo de mim e então fui derrubada como se eu não passasse de uma peça em um jogo de xadrez.
Mas eu estava cansada.
Se sou uma peça de xadrez, então alcançarei ao outro lado, sou um peão, um simples peão sem utilidade alguma, mas chegarei ao outro lado.
Me tornarei rainha.
E então destruirei cada peça do lado inimigo.
Um por um.
『••♙••』
Uma hora. Dei a mim mesma e a Channel uma hora para ficar de luto por Karen ou até mesmo por Sakura, luto pela pessoa que ela já foi um dia, ou pelo menos pela personagem que fazia.
Uma hora.
Não tinha mais tempo. Karen estava morta e os doutores já deviam estar vindo para a praia, sabiam aonde nós estávamos, e eu duvidava muito que fossem desperdiçar tempo. Não, eles já estavam vindo.
Mas nós também já estávamos de saída.
Direto para eles.
— Venha até aqui — Digo a Channel — Preciso tirar essa merda de rastreador da gente, acha que consegue arrancar ele do meu braço?
Ela olha para mim assustada com a ideia de fazer isso, mas Channel também não era mais uma criança e não era nada tola, ela passou uma hora ao lado de Karen, não derramou nenhuma lágrima, como se não tivesse mais nada para derramar, apenas ficou de luto pela pessoa que algum dia representou algo, para a pessoa que a salvou.
E obedientemente pegou uma faca e apontou para o meu braço.
— Isso vai doer — Ela diz — Muito.
— Não importa, quanto mais rápido fizermos isso mais rápido vamos poder sair.
Havia um pequeno brilho nos olhos da garota quando me olhou e perguntou:
— Sair para onde?
— Para a nossa família — Eu digo a ela — Nós vamos salvar a nossa família.
Ela tem uma expressão gentil, e antes que eu possa perceber já enfiou a faca no meu ombro. Doí, doí de maneira intensa e eu me seguro para não gritar, embora eu não consiga evitar me mexer faço o maior esforço possível para ficar calada. Gostaria de que quando nos trouxessem de volta pudessem eliminar a dor. Mas aparentemente não. Ela continua ali, e doí, Deus como doí.
— Estou quase acabando — Ela sussurra.
Estou prestes a desmaiar quando Channel tira a faca com uma habilidade impressionante.
— Aqui.
O rastreador era bem pequeno, mas a ideia de ter aquilo dentro do meu corpo...
— Certo, agora é a sua vez, vai doer ok? Mas precisamos fazer isso, vou fazer o máximo para que-
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Cidade dos Mortos
Misterio / Suspenso🥉 3º 𝐿𝑈𝐺𝐴𝑅 𝐶𝑂𝑁𝐶𝑈𝑅𝑆𝑂 𝑅𝐴𝑃𝑂𝑆𝐴𝑆 𝐿𝐼𝑇𝐸𝑅𝐴́𝑅𝐼𝐴𝑆 𝐶𝐴𝑇𝐸𝐺𝑂𝑅𝐼𝐴 𝑆𝑈𝑆𝑃𝐸𝑁𝑆𝐸 🎖 𝑀𝐸𝑁𝐶̧𝐴̃𝑂 𝐻𝑂𝑁𝑅𝑂𝑆𝐴 𝐶𝑂𝑁𝐶𝑈𝑅𝑆𝑂 𝐺𝑂𝐿𝐷𝐸𝑁 𝐹𝑂𝑋 𝐶𝐴𝑇𝐸𝐺𝑂𝑅𝐼𝐴 𝑆𝑈𝑆𝑃𝐸𝑁𝑆𝐸 Imagine um mundo sendo infectado po...