Serei vermelha

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Quando tudo começou a desabar.

Final da primeira parte.

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Dois anos depois

Estava chovendo. Gotas gordas de água caem sobre meu rosto, o que me deixa feliz. Elas escondem minhas lágrimas. O capuz preto que uso fica cada vez mais encharcado, me deixando completamente ensopada, escuto alguém vindo e puxo meus cabelos ruivos-castanhos para trás, tentando ao máximo esconder minha identidade.

Eu não deveria estar aqui.

Eu não deveria estar em lugar algum.

— A senhora está bem?

Quando me viro uma mulher idosa toda vestida de preto me encara com um sorriso tranquilizador. O que é estranho, além do mais ninguém deveria sorrir nesse lugar.

— Estou — Digo friamente, na tentativa de afastá-la, mas a mulher apenas se aproxima.

— Um cemitério nesse mundo... é meio irônico, não é?

Não digo nada, e ela continua:

— Como se pudessem apagar as nossas mortes simplesmente nos trazendo de volta.

E com isso joga uma rosa branca.

— Foi nesse dia que eu morri, e agora estou aqui novamente — Ela dá uma risada — Mórbido, não?

Continuo a olhar para o cemitério, não havia quase nada ali, era um local completamente vazio.

Porque todos os cadáveres tinham ido embora.

E agora, governavam aqui em cima.

— E você? — Ela pergunta — Perdeu alguém nessa data também?

Fico em dúvida quanto a se devo responder ou não.

Faz alguma diferença?

Solto um suspiro e digo:

— Eu perdi minha família.

A mulher me olha com tristeza, pega uma rosa branca e me dá. E com isso vai embora, me deixando sozinha na chuva. Quando vai embora penso que ela também deveria estar feliz com a chuva.

Olho ao redor daquele mundo morto e pútrido. O tempo parecia passar mais rápido quando não se estava em um apartamento caindo aos pedaços, pego meu telefone e vejo uma mensagem de Wendy piscando na tela:

"Eai ruivinha? Quer beber alguma coisa mais tarde? Consegui uma garrafa de whisky, sei que tô te devendo uma então..."

Puxo os lábios para o lado, não estava afim de ver Wendy agora, embora a ideia de beber alguma coisa me fizesse repensar.

"Agora não, vem amanhã"

Vejo ela digitar.

"Tá td bem Tales? Se quiser alguma coisa tô aqui"

Cidade dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora