Cidade dos Mortos

Ela não era como nós

— Eu não quero que eles saibam!

— Como você quer procurar por ela com só nós duas? Deveríamos ao menos chamar aqueles seus dois amigos... qual o nome deles mesmo? O ruivinho de óculos e o moreno.

— Paul e Lian — Claire responde bufando.

Não sei se Lian iria querer nos ajudar, do jeito que parecia meio afastado e esquisito, mas...

— Esses mesmos — Digo balançando a cabeça — O que quero dizer é: Nós precisamos de ajuda, quanto mais gente melhor!

— Você não entende Emma... eles não vão nos ajudar, eles nunca acreditariam em mim... não adianta conversar...

Claire continuava a bater o pé dizendo que queria que só nós duas tentássemos procurar por Sofia, eu nem sabia como duas pré-adolescentes mortas iriam conseguir encontrar alguém que podia nem sequer estar desaparecido.

Em que merda eu fui me meter?

— O que você quer que a gente faça então? — Pergunto a ela desistindo, já estava achando tudo aquilo uma péssima ideia — Não é como se pudéssemos fazer muita coisa sozinhas.

— Eu... eu não sei, vamos pensar em algo.

Ela parece não ter ideia do que fazer também, nós nem sabemos direito o que estamos procurando, então ficamos ali, sentadas na grama por alguns minutos, nenhuma das duas com respostas ou com alguma ideia sobre o próximo passo, sentadas na perto de um canteiro de rosas que não chama a atenção, de um lado ficavam as vermelhas e do outro as brancas. Mas as brancas pareciam estar em um número bem menor do que as vermelhas, as brancas pareciam ter sido arrancadas, fazendo as vermelhas imperarem o canteiro, um pensamento estranho se passa pela minha mente:

Ora, mas se não queriam rosas brancas e sim vermelhas por que não pintaram as brancas de vermelhas?

Não sei o que aquilo significa, mas mais palavras estranhas flutuam sobre minha mente:

Uma grande roseira imperava na entrada do jardim: as rosas que nela crescia eram brancas, mas havia três jardineiros que se ocupavam em pintá-las de vermelho.

"Vocês poderiam me dizer por favor" disse Alice "Por que estão pintando as rosas de vermelho?"

"Porque, de fato você vê senhorita, esta deveria ser uma roseira vermelha, e nós plantamos uma branca por engano, e se a rainha descobrir isso seremos todos decapitados portanto estamos fazendo o possível para que ela não descubra"

Só percebi que estava falando aquilo em voz alta quando encontro Claire me olhando de uma maneira esquisita. Eu nem sabia da onde tinha tirado aquilo.

— Eu... me desculpe — Começo dizendo atrapalhada e envergonhada por fazer papel de boba na frente dela — Não sei porque disse isso, quer dizer...

— E nesse exato momento — Continuou Claire — O Cinco, que estivera o tempo todo olhando ansiosamente para o jardim gritou: "A rainha! A rainha!" E os três jardineiros se deitaram de bruços no chão. Havia o som de muitas passadas e Alice olhava ao redor doida para ver a rainha.

A olho confusa, e ela capta o olhar:

— Alice — Ela ri — Você estava recitando uma parte do livro de Alice no país das maravilhas.

— Eu... acho que não, não me lembro desse livro, acho que nunca o li — Falo e é verdade, nem sei o que é isso.

Embora... aquela canção de ninar ficasse ecoando na minha cabeça:

Durma, durma minha pequena o coelho logo virá lhe buscar.

Durma, durma minha pequena e vá ao país das maravilhas para se maravilhar.