Os brancos venceram

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Era mais um daqueles dias de bebedeira. Sakura chegou ao bar usando a mesma jaqueta preta surrada de sempre e cumprimentou as pessoas com um aceno de cabeça.

— Aonde ela está? — Perguntou.

O responsável pelo bar fez uma careta.

— Dá um jeito nela antes que eu dê.

Sabia exatamente o que aquilo significava, com um breve suspiro a encontrou quase que desmaiada entre as cadeiras.

— Vamos Mia, você não pode ficar assim.

Ela resmungou.

— Vai se foder, me deixa em paz.

Aquele era um dia ruim. Sabia disso. Alguém havia a denunciado para seu pai.

O pai de Mia era um político famoso pela cidade, mas ambos se detestavam. Todo mundo sabia quem era seu pai no colégio, só que quando aqueles desgraçados descobriram sobre a relação ruim entre os dois decidiram atingi-la aonde doía mais.

Ao que parece contaram que Mia já havia usado drogas, ela não usava mais, mas aquilo era o suficiente para acabar com a reputação do pai em suas campanhas, o deixando furioso.

— Mia, eu sei o que aqueles desgraçados fizeram..., mas se continuar se acabando assim só vai estar deixando-os ganhar.

Ela a empurrou para longe.

— Me deixa em paz Sakura — Rosnou com a garrafa ainda em mãos — Eu vou acabar com eles... eu vou...

Ela começou a rir histérica.

— Não seria bom se alguém desse um tiro na cabeça daqueles arrombados? Calá-los para sempre... seria tão mais fácil, o mundo se tornaria um lugar melhor se aqueles riquinhos mimados morressem.

Sakura a pegou pelo braço novamente, mas Mia a chutou.

— Quer saber? — Se irritou — Fique aí no chão com sua garrafa, me ligue quando estiver sóbria de novo.

Saiu batendo os pés enquanto Mia gritava pelo seu nome. Amava sua amiga, mas não podia ser sua babá para sempre, começou a andar pelas ruas por um bom tempo. Até que uma mensagem da mesma piscasse na tela do seu celular:

"Me encontre atrás da escola"

Soltou um forte suspiro, Mia estava bêbada, então nada daquilo era um bom sinal, mas resolveu ir mesmo assim. Sakura se sentia na responsabilidade de limpar a bagunça que ela fizesse, sentia que devia isso a ela por ter a protegido dos babacas do colégio.

Mas às vezes, Sakura ia longe demais para protegê-la.

E mesmo sabendo disso ela foi.

Estava perto quando ouviu os barulhos de tiro. Assustada correu até aonde Mia estava, torcendo para não encontrar nada demais, com medo de encontrar a amiga morta.

Mas o que viu era quase pior.

Mia segurava uma arma em suas mãos, tremendo.

E a sua frente havia cinco corpos.

— Mia...

Sakura a chacoalhou.

Cidade dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora