Ela era um erro maravilhoso

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Louise me acompanha até a floresta para que eu não tenha que ir sozinha, o que me deixa aliviada, não queria mesmo voltar andando por meio dessa floresta medonha, ainda mais quando há pessoas desaparecidas por aí.

— O que achou da minha cidade? — Ela pergunta ao meu lado.

— Achei maravilhosa — Respondo — Você tem sorte de estar com pessoas que tem amam.

— Acredito que eu tenha mesmo.

A maior parte do caminho é silencioso apenas acompanhado dos barulhos das folhas sendo esmagadas por nossos pés. Minha mente é uma confusão, não consigo parar de pensar sobre todo aquele lugar... estranho. Eles me deixaram intrigada em vários momentos, mas bem seria mal educado perguntar?

Você é especial Emma.

Algo em mim me diz... que eu só preciso de um pouco de paciência, mas paciência para que?

— Chegamos no lago, você se vira daqui né?

Eu concordo com a cabeça, mas penso... como ela vai para casa?

— E você, como vai voltar? Não quer dormir aqui hoje? — Ofereço — Está muito escuro para andar sozinha, pode ser perigoso.

Ela solta um sorriso amigável.

— Não posso dormir aí, consigo voltar sozinha.

Continuo meio sem jeito... uma garotinha dessas andando sozinha em meio a uma onda de desaparecimentos...

— Pegue, fique com isso — Entrego a minha lanterna para ela — Vai ser melhor ter pelo menos uma luz.

Louise dá um belo sorriso para mim.

— Posso te chamar de Em?

— Em? — Ninguém nunca me chamou assim — Claro, por que não?

Ela pega a lanterna da minha mão e me abraça rapidamente.

— Adeus Em.

Antes mesmo de eu me despedir ela já havia sumido em meio a floresta. Já está tarde e Claire deve estar preocupada, então decido voltar para a mansão, mas quando me viro...

Crac.

Um barulho de folhas quebrando chama a minha atenção, eu congelo ouvindo alguém se aproximar cada vez mais... sentindo o hálito de alguém perto das minhas costas.

— O que achou de White Rose?

Me viro bruscamente com o susto, Channel está ali parada, o cabelo branco caindo sobre o rosto pálido, usando um vestidinho vermelho e segurando uma das rosas brancas, seus dedos manchados de sangue pelos espinhos.

— Você me assustou — Ela não responde, apenas sorri levemente — É... um lugar fantástico, as pessoas parecem bem felizes, por que não foi no jantar? Eles perguntaram de você.

— Eu nunca vou lá jantar, só passar o tempo.

Penso em Louise esperando alguém e percebo que devo ter interpretado errado.

— Eles parecem guardar segredos... — Comento ainda intrigada.

— E guardam, muitos — Ela ri, como se soubesse de algo que não sei — Sabe Emma, quando chegou eu percebi que era diferente, mas agora... tenho certeza.

— Diferente como? — Pergunto me virando — Eu sou como qualquer um aqui.

Ela ri de novo, como se eu tivesse dito algo engraçado, mas o que havia de estranho? O que eles tanto procuravam em mim que eu não conseguia ver? Nada, não havia nada de diferente em mim, nada de especial.

Cidade dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora