Talvez tenha se perdido

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Não consigo sentir meu corpo, apenas uma dor latejante tão grande que fazia minha cabeça implorar pelo fim.

Olho ao redor e percebo que estou em meu quarto.

O que aconteceu comigo?

A única coisa que consigo mover é minha cabeça, inclino ela para o lado. E dou de cara com Whisky me encarando de volta com os olhos da cor de um dourado escuro. Ou, cor de Whisky. Tento falar alguma coisa, mas não sai som, e se sai não escuto.

O gato me observa, inclinando a cabeça até mim. Ele não pedia carinho, como quem soubesse que eu não podia fazer nada além de observá-lo, tudo que faz é deitar ao meu lado, esquentando meus braços que pareciam tão frios quanto gelo.

Começo a ouvir sussurros do lado de fora.

Havia alguém em meu apartamento.

Queria descobrir o que estava acontecendo, mas meus olhos se fecham contra a minha vontade. A dor latejante ainda me atingindo. O escuro me alcança, e eu adormeço.

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— Droga... merda! Você disse que ela iria ficar bem! Eu não queria que ela ficasse desse jeito, e se ela não acordar?

Murmúrios.

— Eu quero ela viva porra! Viva e saudável! Eu sei que ela vai ficar mais fraca, mas... você não me disse que ficaria desse jeito! Faz dois dias que ela não dá nem sinal de vida!

Murmúrios. Murmúrios.

— O que eu tenho que fazer para que acorde? Se não me responder irei fazer aquilo.

Murmúrios.

— Fodasse porra! Não ligo se haverá consequências, você disse que ela estaria viva e em pé, parece que tenho a porra de um cadáver comigo!

Murmúrios.

— Não, já esperei demais, quero que ela acorde e quero que acorde agora!

Passos. Passos.

— Ah... está ouvindo então.

Meus olhos abrem e se fecham vendo aquele homem de cabelo castanho.

Eu conhecia ele de algum lugar?

Provavelmente sim.

Mas não consigo lembrar...

Não lembro de nada.

— Consegue se mexer?

Silêncio.

— Talvez isso doa, mas... ah que se dane, você não vai se lembrar disso mesmo.

Ele injeta algo em meu braço. Sinto uma pontada, mas era tanta dor que não fazia diferença.

— Você está gelada, eu deveria colocar um cobertor em você.

Tento dizer alguma coisa, mas não consigo.

Durmo novamente.

Quando acordo posso finalmente me lembrar de quem eu sou. E do que aconteceu. Posso finalmente mexer meus braços e pernas.

Posso ouvir.

Mas a primeira coisa que ouço não é nada agradável.

— Bom dia querida.

Quando olho para Thomás nada me impede de saltar por cima da cama e voar em seu pescoço.

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Cidade dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora