Um cisne em meio a milhares de patinhos feios

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— Vamos brincar prima Sofia.

Olho para a linda garotinha a minha frente correndo por toda a pequena casa e passo minhas mãos pelos cabelos dela.

— A priminha tá fazendo almoço pra você, já está quase pronto depois eu brinco.

— Que horas a mamãe vai chegar?

Olho para o relógio pensando no que a tia Lisa disse, ela ia precisar que eu ficasse com a Lúcia até que chegasse do trabalho novo, mas não disse quando voltava.

— Mais tarde — Respondo.

Ela faz cara de emburrada, mas logo volta a brincar.

Toc Toc.

— Quem é prima?

Ninguém me avisou sobre visitas.

Toc Toc.

A porta continua a bater.

Toc Toc.

•| ⊱✿⊰ |•

— Lúcia!! Cuidado!!!

Estou prestes a tirar minha prima da porta quando...

Eu...

Eu não sou Sofia, eu sou Emma e estou em Green Lake, repito pra mim mesma novamente para ter certeza que entendi, eu não sou Sofia, eu sou Emma e estou em Green Lake, eu só tive um pesadelo.... mas parecia tão... tão real.

Senti como se realmente fosse ela.

Ignoro isso e olho para o lado, Claire não acordou com meus gritos, fico feliz com isso, não queria explicar que estava sonhando com a amiga desaparecida dela, dou um pouco de cenoura que encontrei na cozinha para o coelho branco de Louise, deixei ele em uma gaiola pequena que encontrei por aqui.

Só até ela aparecer novamente.

E enquanto isso o diário continua na mesinha, apenas esperando para ser lido, eu olho para ele com curiosidade, penso em pega-lo, mas lembro que eu deveria esperar Claire para isso, além do mais a amiga é dela e é ela quem quer encontrar Sofia.

Bem... eu também quero... para ajudá-la certo? Não estou fazendo isso para ser recompensada depois.

Não, certamente não, eu só quero ajudar.

Será?

Ignoro isso deixando esse pensamento no fundo da minha cabeça para que eu não possa toca-lo novamente, bobagem, estou fazendo isso para ajudar Claire, mas a minha cabeça estúpida continua fazendo as mesmas perguntas, de novo e de novo:

Será?

•| ⊱✿⊰ |•

Eu tento, realmente tento, mas não consigo dormir novamente, não depois daquele maldito sonho, então decido andar pela mansão tentando conhecer um pouco mais sobre ela, fuço na cozinha com fome, não jantei por causa da floresta e estou faminta, abro a geladeira e para minha sorte e alegria tem uma linda torta de chocolate me esperando.

Me sinto solitária e ao mesmo tempo confortável, pego uma fatia de torta colocando um pouco de creme em cima, me pergunto o que Ellen acharia daquilo, do que os moradores achariam da nova garota encrenqueira, das minhas atitudes ou das minhas confusões, eles não aprovariam é claro, duvido que alguém aqui tenha chegado e feito tanta bagunça igual eu fiz, mas da mesma maneira que eles não aprovariam eu também não aprovo certas coisas que eles fazem.

Cidade dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora