Por dentro eu sempre...

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O dia antes da tragédia sobre Green Lake havia sido marcado pela passagem de uma das doutoras, uma inferior que tinha o trabalho de cuidar dos moradores e da cidade, a mesma que havia trazido Emma até o local, todos ficaram felizes com a sua visita, Emma mais ainda, afinal quem melhor para responder suas perguntas do que uma das organizadoras do local?

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— Como está Maria?

Ellen perguntou a doutora Karen enquanto a servia de um maravilhoso chá de pêssego e um pedaço de torta de maçã.

— Tivemos poucas notícias a seu respeito, ela queria poder reconstruir sua vida, como sabem fazemos pesquisas aqui com todos vocês, aqueles que estão aptos para uma vida lá fora e querem podem ir, Maria estava apta, e queria ir.

Ellen e uma boa parte das pessoas suspiraram de alívio na sala de estar, Claire estava sentada ouvindo tudo também embora me evitasse. E eu também não estava disposta a falar com ela.

Eu conhecia aquele rosto, o da doutora, os cabelos claros... Karen, era a mesma mulher que havia me levado até ali, que estava naquela mesa branca.

— Prometo dar qualquer notícia sobre ela a vocês — Ela diz limpando a boca com um guardanapo — Entretanto não vim aqui falar sobre ela, vim aqui para checar tudo, como anda a sua loja de roupas?

— Muito bem — Respondeu Camille — Preparei boas peças para todos em Green Lake, também já separei as roupas para a senhora vender na cidade.

Ela fica feliz em ouvir isso, aparentemente sempre vem doutores aqui para checarem como tudo anda e também para recolherem algumas coisas feitas na loja para venderem, pode parecer injusto, mas acredito que como eles cuidam da gente é o mínimo que podemos fazer.

A conversa continua com a doutora falando sobre como iam as lojas, entediante o suficiente para eu me retirar dali, havia visto o suficiente para perceber que ninguém iria fazer alguma pergunta interessante, ninguém perguntaria sobre o que de fato aconteceu com Maria ou sobre algo importante.

O que era decepcionante, eu estava ansiosa para a chegada dela e para as respostas que poderia trazer. Mas não, nenhuma resposta. Deixo a mansão indo até lá fora, aonde Seema (incrivelmente ela não havia desaparecido durante a manhã) observava tudo de longe, escondida.

— As pessoas ficam animada com a chegada dela não?

Ela parece surpresa ao me ver, mas não muito.

— Claro, é a única notícia sobre lá fora que eles têm.

Um silêncio constrangedor paira entre nós, eu consigo ver pelo rosto dela que tem algo errado, algo anormal.

E pretendo fazê-la falar.

— Algo estranho?

— Com o que?

— Com ela.

Ela balança a cabeça evitando dizer.

— Nada demais.

— Você parece incomodada.

Cidade dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora