Eles dizem que foi apenas um pesadelo

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Não sei por quanto tempo dormi, provavelmente algo entre duas horas e dois dias. Toda vez que acordava sentia o corpo pesado demais, e então fechava os olhos novamente, sendo levada para a escuridão. Provavelmente teria feito o mesmo naquele momento — ainda sentindo a cabeça dolorida, a mão infeccionada e todas as outras dores em todos os lugares possíveis — se não fosse pela garota que me encarava.

— C-Channel...? — minha voz sai meio arrastada como se eu tivesse fumado cinco maços de cigarro.

Quase não acredito nas palavras que saem da minha boca.

O nome que achei que estivesse morto.

Aquele considerado amaldiçoado.

Com um blusão branco, seu olhar sem vida e completamente mórbido parecia me avaliar, tentando decifrar se eu estava ali para machucá-la ou não. Sinto um embrulho no estômago.

— Você... se lembra de mim? — arrisco.

Ela se vira, tenta falar algo, mas não consegue. Sinto minha cabeça rodopiar, mas consigo ficar em pé, meu braço está todo dolorido, com a mão ainda exibindo o furo feito pela faca e a pele exposta depois de eu ter arrancado o braço da máquina.

— Channel? — faço menção de me aproximar dela.

— Não.

Fico tão surpresa ao ouvir sua voz que quase caio para trás.

— O que?

— Não toque em mim — diz meio tossindo, como se não se lembrasse direito como usar as cordas vocais. 

— Sou eu... Emma — arrisco novamente.

Seu olhar parece curioso a meu respeito, ainda tentando me avaliar.

— Não vou machucar você, somos amigas. Não se lembra?

Ela balança a cabeça, como se não tivesse ideia. Solto um suspiro meio frustrado, e de repente escuto a porta se abrindo, Channel imediatamente corre até o canto da sala, como um animal assustado, se encolhendo junto da parede.

Quero ir até ela e dizer que está tudo bem, que nada vai acontecer.

Mas seria mentira.

Porque quando olho para a porta vejo James.

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A primeira coisa que noto quando ele coloca os pés na sala é a marca em sua cabeça, como se tivesse sido golpeada com tanta força e tanto ódio que tivesse deixado ela um pouco mais achatada, exibindo riscos gloriosos.

E foi exatamente o que aconteceu.

Fui eu quem fiz isso.

— Bom te ver Emma — mostra os dentes, me fazendo lembrar de todas as vezes que jurou me matar — Assisti com prazer seu último vídeo com a Judge... como está sua mão? — pergunta.

— Como está sua cabeça?

Imediatamente me arrependo de falar.

Irritar James só vai fazer ele sentir mais raiva de mim, e eu já vejo sua raiva fumegante, quase vazando para fora de seu corpo.

— Não se preocupe — estala a língua — Vai pagar por isso.

Ele começa a me rodear, como se fosse um caçador e eu a presa medrosa que tenta fugir.

— É inútil, você sabe que não vai conseguir escapar de mim.

Antes que perceba sinto seus braços me puxando, ele me segura e pega minha mão — ainda machucada — torcendo para trás. Solto um berro enquanto sinto a cabeça latejar, chegando a ver estrelas.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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