Cidade dos Mortos

Não deveriam existir

Claire Clarke era uma nobre nascida em uma família abastada, ao menos, era o que todos pensavam.

Os Clarke na verdade haviam falido com o tempo, ao ver as contas no vermelho o casal fez escolhas drásticas: noivar a filha com quem poderia trazer a fortuna de volta. E foi assim que a garota foi vendida, traída por seus próprios familiares, Claire passou a sentir carência por amor, até conhecer seu amante.

Um rapaz conquistou seu coração, a família jamais aprovaria é claro, afinal já estava noiva, por isso ambos fugiram. Mas as coisas nunca acabaram muito bem para ela, sua dependência por amor a deixou cega o suficiente para não perceber que seu amante não passava de um criminoso. Atrás do galanteador havia um homem sádico, movido pelo dinheiro, que trouxe a bela loira para seu mundo.

Quando o dinheiro acabou, Claire sugeriu que pegassem o dinheiro de sua família, que permanecia abastecida de joias — sua mãe se recusou a vender — também, é claro, havia uma nuance de vingança naquela ideia, ainda se remoía por ter sido vendida.

Sua ideia foi aceita, mas seu amante não apenas roubou os pertences de sua família como também matou o casal.

E logo em seguida, a traiu.

Claire Clarke foi indiciada por todos os crimes cometidos.

Os jornais adoraram a matéria: A jovem rica que matou os próprios pais por dinheiro e amor!

E ninguém olhou duas vezes para o homem que a vendeu. Ninguém se importou com ela.

Claire Clarke teve sua sentença de morte anunciada.

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Era uma vez duas irmãs.

Gêmeas de mesmo nome, criadas em uma mesma família, mas de maneiras tão distintas que chegava a ser fácil reconhecer uma da outra, apesar da aparência.

Uma era gentil, fazia amizades com facilidade, gostava de cuidar de plantas e flores, escutava com atenção a mãe quando contava histórias antes de dormir, sempre esperando pelo seu beijo de boa noite e seus sorrisos doces.

Enquanto a outra...

Era aquilo que poderíamos chamar de criança levada, sempre puxando o cabelo dos colegas, pisoteando plantações, rabiscando o rosto das bonecas e fazendo travessuras, deixando as bochechas de sua mãe vermelhas de tanta raiva, mas era diferente com seu pai, que parecia entender a menina, e encorajava suas bagunças.

Uma foi ensinada a ser boa.

A outra foi ensinada a ser má.

Uma havia amor nos olhos.

A outra apenas escuridão.

E assim viveram às duas gêmeas de mesmo nome, a boa e a ruim, luz e escuridão.

Para uma foi rejeitado o amor, negada por uma mãe que nunca quis mais de uma filha, escolhendo apenas aquela mais gentil para si. E para a outra, foi traçado um destino, da morte daquela que tanto amava pelas mãos de sua própria irmã.

Mas o que acontece quando os papéis são invertidos?

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Encaro inexpressiva meu próprio rosto, os mesmos cabelos de um tom ruivo com castanho, os mesmos olhos cinzentos e as mesmas pintinhas no rosto.

Mas não estou olhando para mim, e tão pouco para o espelho.

Estou olhando para a minha irmã.

Minha irmã.

Estava ali. Sentada ao lado de Lian. Minha gêmea. Com o mesmo nome que o meu, o mesmo sangue.