Cidade dos Mortos

Não deveria estar em meio a nós

Sofia havia acolhido Lian quando ele mais precisava, e ele fazia de tudo para compensa-la, havia marcado piqueniques, encontros no lago, tirava fotos e tudo ao seu alcance para faze-la sorrir, e embora no começo fizesse isso apenas para compensa-la ele sabia que esse motivo era apenas uma desculpa, a verdade era que Lian gostava da companhia dela.

E com o tempo, ele foi aprendendo a ama-la, amar estar ao lado dela, havia apenas duas coisas que pareciam estragar um romance entre os dois: primeiro a amiga loira que estava sempre com ela, Claire não gostava de Lian, não por ter algo contra ele, apenas se frustrava com a amiga que ás vezes passava mais tempo com ele do que com ela, o que era um exagero e ele poderia até dizer que era mentira, Sofia ficava muito mais com ela.

O outro problema envolvia a própria Sofia, que parecia confusa demais em relação a ele, alguns dias dizia que o amava, em outros o ignorava completamente, Lian ficava em segundo ou terceiro plano na vida dela, com o tempo ele percebeu algo que não queria:

Que para Sofia, ele não passava de um passatempo.

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Lian estava na biblioteca naquela dia, lendo gibis despreocupado, e comendo cookies com um copo de leite, enquanto isso eu o observava chegando mais e mais perto, até estar tão próxima que podia até mesmo analisar seu rosto, ele estava tão calmo que não conseguia não achar engraçado. Ele parecia um mar calmo enquanto eu era o furacão.

Me aproximo como quem não quer nada, e então abaixo o gibi que está lendo, ele faz uma careta ao me ver.

— Não te disseram que é falta de respeito interromper alguém lendo?

Dou de ombros.

— Também é falta de respeito ignorar uma pessoa fingindo que não está vendo ela.

Ele parecia irritado, um furacão de fato, eu era um furacão e já estava balançando o mar que era Lian.

— Eu te vi ok? — Ele diz incomodado — Eu já ia falar com você.

Mentiroso. Mas não tão bom quanto eu.

— O que você quer? — Pergunta.

— Achei que estivesse te interrompendo — Digo.

— Já interrompeu de qualquer jeito, só fale logo!

Dou um sorriso satisfeito.

— Achei que quisesse ir ver o cachorro.

Assim que digo aquilo sinto automaticamente a sua irritação desaparecer.

— Encontrou pistas dele? — Ele pergunta animado.

— Acho que sim... bem, vim te falar isso agora porque não sei se podemos acha-lo se demorarmos muito, por isso vim até você, já que queria tanto vê-lo...

Lian levanta lentamente da cadeira.

— Quer ir agora?

Dou de ombros.

— Quero.

Ele olha para o relógio.

— Está meio tarde não acha? Para andar na floresta essa hora... — Fala preocupado.

— Se não quiser ir tudo bem, só acho que se não formos agora iremos perde-lo de vez.

Lian parece pensar a respeito, mas então seus ombros relaxam e percebo que venci.

— Certo, mas prometa que vamos voltar antes das nove.

— Prometo — Respondo.

Ele se direciona para a porta da biblioteca indo na frente.