Oneshots ⭒✧° SKZ

⭒✧° Changbin

Changbin POV

Com o mesmo pano umedecido de sempre, limpava as manchas vermelhas em minha mão sem nem olhar o que fazia. Buscava em minha mesa algum sinal de que eu não teria que lidar com toda a papelada espalhada sobre essa; talvez uma notificação de email, ou uma ligação perdida. Ah, do que estou falando? Não há ninguém que faça qualquer uma dessas duas coisas que não esteja me ameaçando; ou melhor, o ameaçando. Não é como se eu fosse o cabeça desse subúrbio, apenas faço o trabalho que o chefe se recusa a fazer.

Desde quando esse trabalho exige tanta papelada?

Joguei o tecido de volta no tanque sujo e decadente do lugar, minha pele agora parcialmente limpa. Eu nunca conseguia tirar todo o sangue apenas com um pouquinho de água e uma toalha; sempre deixava para depois. Ademais, aquela coisa não era lavada há semanas, então mais sujava do que limpava.

Peguei o primeiro bloco de folhas grampeadas que vi pela frente e comecei a lê-lo, tentando entender o contexto de tais anotações. Por deus! Por que Hyunjin é tão desorganizado?! Até a cadeira estava com pilhas de papéis mal arrumados! Como é possível que ele seja capaz de gerenciar uma das gangues mais conhecidas da cidade?

Com a lombar encostada em uma ponta da mesa, os pés esticados e cruzados em minha frente, retomei minha leitura. Antes mesmo de passar do primeiro parágrafo, ouvi a porta do pequeno escritório bater com tudo na parede após ter sido escancarada. Nem precisei levantar o olhar para descobrir quem originou tal barulho.

- Sabia que te encontraria aqui.

Eu detestava o fato de que ela sabia onde ficava a central do grupo. E, principalmente, por achar que tinha o direito de ir e vir aqui quando bem entendesse. Só não mato ela porque não tenho um "real motivo" para isso, segundo Hyunjin. Mas, sejamos honestos, todos sabemos que ele só não me concedeu essa permissão porque não quer arrumar encrenca com a turma de Bang Chan; esse é o único medo que eu sei que Hwang tem.

- Saia daqui, Yuna.

- Ah, mas eu tenho algo para conversar com você...

Revirei os olhos e soltei o ar pesadamente. Mantive os papéis em minhas mãos na esperança que a garota percebesse que eu estava ocupado, o que eu sabia que não iria acontecer. Se Yuna quer alguma coisa, não há nada que a impeça; ela tira qualquer coisa de seu caminho.

- Mas eu não. - respondi seco.

Ela era alta, os cabelos escuros como a noite escorriam pelas suas costas. Tinha um olhar frio, certamente um mecanismo de autodefesa; todos sabiam de seu passado. Era manipuladora e usava sua beleza, que não posso negar que tinha, a seu favor. Ela foi recrutada por Bang Chan assim que chegou na cidade; ela tinha seu potencial.

- Nós realmente vamos ter essa conversa de novo? - perguntou, fazendo biquinho e logo em seguida sorrindo.

Involuntariamente, meu punho estava se fechando de raiva, amassando o papel que segurava entre meus dedos.

- Você sabe que terá que me ouvir, queira você ou não...

Ela chegou mais perto, e eu estava simplesmente petrificado. Não mexia um só músculo, não querendo demonstrar a menor reação face às suas atitudes. Sua respiração tocava a minha pele, e suas unhas compridas agora passeavam pelo meu pescoço, me causando um desconforto indescritível. Ao pé do meu ouvido, sussurrou:

- Você sabe o que tem que fazer, certo? - questionou. - Ou quem vai sofrer é ela...

Meu corpo estremeceu ao som inconfundível de um gatilho sendo puxado. O estrondo ecoou no recinto quando ela disparou a arma que, felizmente, estava descarregada. Perdendo o último pingo de paciência que tinha, a peguei pelos ombros e empurrei-a até a saída da sala, me retirando do escritório junto dela e fechando a porta atrás de mim.