⭒✧° Felix

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Acordei com um toque gentil no meu ombro, me balançando levemente. Minhas pálpebras se recusavam a liberar caminho para a minha visão, mas por um bom propósito já que, assim que a luz atingiu minhas pupilas uma dor absurda tomou conta da minha cabeça, que começou a latejar.

- A aula já acabou, Carol. - ouvi a voz de Felix próxima ao meu ouvido.

Meus olhos custaram para se acostumar com a claridade da sala, mas eu finalmente consegui focalizar o rosto do meu melhor amigo. Eu ainda estava sofrendo com as causas de uma soneca, então esfreguei meus olhos para desembaçar a visão. Senti minha pele se desgrudando do arame do caderno, deixando marcas avermelhadas no meu braço. Desencostei meu rosto do livro de história aberto e me endireitei na cadeira. Cada movimento que eu fazia me trazia uma dor leve, mas incômoda, seguida de um arrepio.

- Você está bem? - Felix perguntou, aparentando estar preocupado.

Eu concordei com um movimento de cabeça. Meu amigo, não convencido da minha resposta, tomou meu rosto entre suas mãos e arregalou os olhos.

- Meu deus, menina, você está queimando de febre!

- Não estou, não. - protestei, colocando as minhas próprias mãos no rosto.

- É claro que está, Carol! Vem - ele disse, me estendendo a mão. - levanta. Nós vamos pra casa.

- Mas nós temos mais três aulas hoje, Felix! E os professores vão passar matéria de prova.

- Eu peço o conteúdo pro Jisung depois. Sua saúde é muito mais importante que os estudos, meu anjo.

Não tinha como eu discutir. Felix não iria me deixar continuar na faculdade se eu estivesse doente. Além de que eu, de fato, não tinha forças para prestar atenção nas aulas.

Eu empilhei meus dois cadernos junto com meu livro e os coloquei na minha mochila azul escura. Arrastei a cadeira para trás e me pus de pé. Minha visão ficou escura por um segundo e eu quase caí sentada na cadeira. Senti as mãos de Felix nos meus cotovelos, me ajudando a encontrar equilíbrio.

- E você ainda querendo continuar assistindo às aulas. - ele balançou a cabeça. - Vem cá, sobe aqui.

Felix se virou, indicando suas costas para que eu subisse. Em qualquer outro dia eu pegaria, mas eu tenho sérias dúvidas de que eu conseguiria chegar até em casa andando. Não sei nem se eu conseguiria chegar até a porta da sala.

Sem muita força, coloquei minha mochila nas costas e subi nas de Felix. O garoto colocou as mãos na parte de trás dos meus joelhos para conseguir me segurar e começou a andar. Ele, felizmente, não carregava uma mochila pra lá e pra cá; ele carregava apenas um caderno que, na maior parte do tempo, ficava guardado na minha mochila.

Mal prestei atenção no trajeto que fizemos. A única coisa que de fato registrei foi o caminho cercado de árvores pelo qual passamos. Só fui me dar conta de onde estavam os quando senti meus pés serem apoiados no chão. Felix tirou a mochila dos meus ombros e me fez deitar na cama macia e quentinha, com lençóis claros e edredom cinza.

Estávamos no apartamento dele.

Meu amigo não disse nada, nem eu. Felix colocou o edredom em cima de mim, ajeitando ele para que me cobrasse por inteira. Eu fechei os olhos e ouvi a porta de entrada ser aberta, depois fechada.

Acho que eu dormi. Mas não por muito tempo, de qualquer forma. Eu acho. Acordei assim que ouvi o trinco da porta do apartamento ser aberto. Se fosse um assassino, ele facilmente conseguiria me matar já que demorei uns bons dez minutos para criar coragem e sair da cama.

Fui cambaleando até a cozinha. Eu me sentia menos tonta do que pouco tempo atrás, porém ainda me sentia mal, com as dores causadas pela febre incomodando o meu corpo.

- O que você está fazendo em pé, garota? - Felix perguntou quando percebeu a minha presença.

- Vim ver o que estava acontecendo por aqui. - respondi, indo me sentar em uma das cadeiras. - Você saiu, não?

- Eu fui na farmácia comprar remédio para febre e aproveitei para passar no mercado comprar legumes. Eu fiz sopa.

- O cheiro está incrível. - falei, vendo Felix trazer uma tigela relativamente pequena para a mesa.

- Aqui - disse, me entregando uma colher. - come direitinho e para depois poder tomar o remédio. Você não pode tomar medicamentos de estômago vazio.

Eu tomei toda a sopa que ele tinha colocado na tigela e logo engoli o comprimido branco que Felix tinha colocado ao lado de um copo com água. Depois de tirar a louça da mesa, meu amigo se voltou para mim.

- Quer assistir alguma coisa comigo, ou prefere continuar dormindo?

- Você tem que voltar para a faculdade, Lix. Não quero que perca conteúdo por minha causa. - reclamei.

- Eu jamais que vou te deixar sozinha estando doente. Eu posso perder quantas aulas forem necessárias para cuidar de você, Carol. - Felix segurou minha mão, me puxando delicadamente para o seguir até a sala. - O que quer assistir? Série, filme? Que tal assistir aquele filme do Studio Ghibli, o tal de Meu Vizinho Totoro? Acho que era esse o nome.

Antes de se sentar comigo no sofá, Felix foi até seu quarto pegar o edredom no qual eu estava enrolada antes. Ele nos envolveu com o tecido macio e passou seu braço por cima dos meus ombros, me puxando para mais perto e deitando meu rosto em seu peito.

- Você é o melhor amigo que eu poderia ter, Lix.

- Eu sei. O que seria de você sem mim, não é mesmo? - respondeu, me fazendo rir.

- Não é nem um pouco convencido, ainda bem.

- Eu só falo verdades. - Felix me abraçou mais forte e começou a fazer carinho na minha cabeça. - Descansa um pouco. Não gosto de te ver doente.

- Obrigada, Lix. Obrigada por cuidar de mim e me fazer companhia.

- Eu já te disse isso, Carol. Você é minha melhor amiga e eu te amo muito. Eu faço de tudo por você.

Oneshots ⭒✧° SKZOnde histórias criam vida. Descubra agora