⭒✧° Jeongin

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"Uma pergunta insistente permeava minha mente. Sorrateira, invasiva. Nada que eu fizesse poderia apagar esses incessantes pensamentos que tal questionamento me proporcionava.

Quando foi que tudo deu errado?

Foi quando eu me abri demais? Quando eu abaixei minhas muralhas para que você pudesse, finalmente, me ver por completo?

Foi quando eu fui intensa demais?

Afinal, a culpa é realmente minha? Nem sempre há um culpado, mas foi tão repentino... Quem errou? Fui eu? Foi você? Fomos nós?

Se é que um dia sequer houve um "nós".

Você fez parecer que sim. Você me mostrou que éramos nós contra o mundo, que éramos nós contra tudo. Éramos nós, nós e nós. Eu e você, não apenas eu, não apenas você. Me mostrou que eu não estava sozinha. E eu acreditei.

Quanta idiotice.

Se realmente tivesse, nem que por um momento, havido uma unidade, uma única entidade formada por nós dois, você não teria feito isso. Não teria ido embora, não teria nos jogado fora.

Não teria me jogado fora.

E por mais que doesse, eu tentei te esquecer. Tentei muito. E consegui, ao menos por um ano, não pensar em ti. Eu te esqueci, até você aparecer novamente na minha frente, com teu sorriso único e tuas covinhas bem marcadas nas tuas bochechas, e jogar todo meu esforço por terra."

- Belas palavras. - ouvi dizerem às minhas costas. O susto fez com que todo meu corpo se arrepiasse e meu coração disparou por um momento. Estive tão focada em meu desabafo urgente que esqueci que ainda não havia saído da sala de aula; sala essa em que ele também estava presente.

- Que susto, porra! - falei, levando a mão ao peito. - Para de ser curioso, Jeongin.

- Nossa, você ainda lembra do meu nome! - e como esquecer? - Achei que nem sabia mais quem eu era.

- Fico surpresa que você ainda saiba quem eu sou, na verdade.

- Ué, por quê?! - o garoto pareceu genuinamente confuso. - Nunca me esqueceria de você, (S/N).

Sua afirmativa fez meu coração derreter, mas transformou minhas veias em verdadeiras chamas de raiva. Meu sangue brobulhou com sua impiedade de jogar tais palavras em minha cara, de forma tão inocente e despreocupada.

- Certeza? - perguntei com um tom de deboche que escapou de minha boca. - Então por que fez questão de apagar minha existência da sua vida?!

Havia alguns dias que Jeongin entrara em nossa turma de Educação Socioemocional - uma cadeira eletiva da faculdade, feita carinhosamente para nós dar créditos a mais -, e desde então me mantive quieta e meticulosa, me esforçando para que ele não notasse minha presença. Então, quando aumentei meu tom de voz, o garoto arregalou os olhos e os poucos alunos que já estavam na sala se viraram para nós.

Jeongin parecia genuinamente chocado com minha fala impetuosa. O seu choque me chocava ainda mais; ele está me fazendo de idiota? Ou genuinamente crê que não fez nada que justificasse minha raiva?

- Do que está, falando, gatinha? - ah, aquele apelido, saindo dos lábios aveludados de Jeongin... como me doía. - Eu jamais te apagaria da minha mente, (S/N). Nós quase fomos namorados!

Sua condescendência explodiu meus nervos. Como ele podia proferir tais palavras depois de tudo que me fez passar? Depois de toda a dor que me fez sentir? Depois das noites que me impediu de dormir, pois sua presença insistia em penetrar minha mente?

- Namorados? - ri com descrença. - Você está brincando, né? Nós sequer chegamos perto de ter a relação qualquer, Jeongin, quem dirá namorados.

- Como não?

- E VOCÊ AINDA PERGUNTA, PORRA? - bati com as palmas da mão na mesa ao me levantar, encarando-o com ódio. - Você nunca, NUNCA teve a mínima responsabilidade afetiva, moleque. Eu fiz tudo que podia, me declarei, e o que você fez? Me apagou de tudo. Como se eu nunca tivesse existido.

- Não foi assim...

- Ah, não?! - ri com escárnio. - Então me explica, por favor, como foi, Jeongin. Vai, conta pra todo mundo - apontei para nossos colegas nos encarando. -  Conta como você é um bom homem e nunca fez nada errado.

Vi o garoto encolher os ombros e afundar seu pescoço. Suas bochechas estavam avermelhadas e posso jurar que vi lágrimas em seus olhos. Ele não olhou para mim quando pediu para que fossemos conversar em um lugar mais reservado. Não me opus, muito pelo contrário: estava louca para sair de lá.

- Só, por favor, não grita. - Jeongin pediu assim que fechou a porta da salinha do faxineiro. - (S/N), eu nunca quis te machucar...

- E, ainda assim, olha onde estamos, né, Jeongin. - disparei, os olhos marejados. - Você não me machucou. Você me destruiu.

O sorriso que estava se formando em seu rosto desabou em um segundo. O garoto não aguentou e começou a chorar; um choro dolorido e profundo, os soluços ecoando pela salinha.

- Jeongin...

- (S/N), meu amor, por favor...

- Não me chama assim... - no fundo, nós dois sabemos o quanto eu ainda queria ser o amor dele.

- Eu me perdi. E, no processo, perdi você também. Foi tão difícil passar por tudo sozinho... - observei seu pomo de Adão subir e descer quando ele engoliu em seco. - E eu quero me abrir para você, não quero te esconder nada. Só preciso que você me dê outra chance, gatinha...

Jeongin se aproximou de mim com passos vacilantes. Permiti que sua mão escorregasse pela minha cintura e me puxasse para mais perto; permiti que unisse nossos corpos. Só Deus sabe o quanto eu queria me render a esse garoto de novo e de novo e de novo.

- Posso? - ele perguntou antes de selar seus lábios nos meus.

- Apenas prometa não ir embora de novo. - supliquei.

- Nunca mais vou sair do seu lado, meu bem.

Beijei-o como se fosse a primeira vez de novo. Senti seus lábios colados ao meu e sua língua deslizar pela minha. Puxei e para mais perto, esperando engolir suas palavras e acreditar em sua promessa.

Mas não sei se um dia poder confiar nele novamente....

Oneshots ⭒✧° SKZOnde histórias criam vida. Descubra agora