⭒✧° Felix pt.1

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Era a quarta vez que eu mudava de lado na cama, só naquela noite. Eu sentia um desconforto terrível nas costas.

Desisti de encontrar uma posição confortável deitada e resolvi sentar, com as costas apoiadas na cabeceira da cama. Felix dormia tranquilamente ao meu lado. Ele era tão lindo, até mesmo dormindo. Ele parecia tão calmo.

Eu decidi ligar a luz da minha luminária e peguei um livro para ler. Não estava com sono e esperava que as palavras do autor fizessem meu cérebro desligar. Infelizmente, minha tentativa foi falha. Meu desconforto era cada vez maior.

Tentei focar minha atenção no livro à minha frente, e funcionou por um momento, até não funcionar mais. Quando eu finalmente tinha conseguido entrar no universo em minhas mãos, senti um líquido molhar o lençol abaixo de mim.

Eu não queria, mas precisei acordar Felix. Encostei minha mão no seu ombro e o balancei levemente. Ele se mexeu para tirar minha mão.

- Só mais cinco minutinhos. - ele falou, com a voz rouca.

- Felix, acorda, por favor. - eu continuei balançando seu ombro, até que ele abriu os olhos e me encarou.

- O que foi, mulher? - ele perguntou. Ele estava irritado por ser acordado.

- Minha bolsa estourou, Lix.

- Ah, tá. - ele falou, se virando para deitar de novo. Quando entendeu o que eu estava dizendo, se sentou rapidamente na cama, olhando para mim. - Pera. Você está falando da bolsa que eu penso que você está falando?

Apenas concordei com a cabeça, rindo do repentino desespero do garoto.

- Vamos pro hospital, (S/N)! - Felix falou, e levantou correndo.

Felix foi bem eficiente; em menos de cinco minutos já estávamos dentro do carro à caminho do hospital. Meu desconforto começou a aumentar. As contrações estavam fazendo eu me contorcer no banco do carona. Eu via Felix preocupado olhando para mim toda vez que eu gemia de dor.

- Calma, meu amor. Isso logo vai passar. - ele disse, apertando minha mão, tentando me acalmar.

Eu sabia que ele só estava tentando me ajudar, mas eu ficava irritada com suas tentativas. A dor era insuportável e ele falava que tudo ia passar logo. Isso não mudava o fato de que parecia que alguém estava estrangulado o meu útero.

Não demorou muito para chegarmos no hospital. Felix falou com uma das enfermeiras, que me levou para um dos leitos livres do local. Eu fui acomodada na maca e a enfermeira avisou que a obstetra logo viria me ver.

Felix estava sentado na poltrona próxima da cama, segurando minha mão.

- Vai ficar tudo bem, meu anjo.

- Felix, eu só vou dar a luz ao seu filho. Não é como se eu estivesse morrendo. E você dizer isso não faz com que a dor passe.

- Ok, desculpa. É que eu não sei o que fazer, (S/N). Se eu não consigo nem ser útil agora, como vou poder ser um bom pai para o meu filho.

Eu ia responder ele, mas fui impedida pela obstetra que tinha acabado de entrar no quarto.

- Oi, (S/N)! Como estamos?

- Sofrendo? - respondi e a médica riu.

- Imagino que sim. Bom, eu vou apenas checar a dilatação, ok?

Concordei com um movimento de cabeça e ela logo começou a fazer seu trabalho.

- Bom, você está com apenas quatro centímetros de dilatação no momento. Eu volto daqui um tempo para checar de novo, tudo bem?

Concordei novamente e ela saiu.

- Só quatro centímetros? Isso vai ir tão longe. - falei, me encostando no travesseiro.

- Vai ficar tudo bem. - Felix começou a falar e eu olhei para ele com cara de tédio. - Desculpa.

- Não tem problema, Lix. Eu só estou irritada por conta da dor. E, sobre antes, não tem nada que você possa fazer nesse momento. Tudo isso só vai passar depois que essa coisa sair de dentro de mim, e isso depende apenas do meu corpo, que, no momento, nem eu tenho controle. Você não vai ser um péssimo pai, meu amor.

Felix deu um leve sorriso e voltou a apertar minha mão.

- Tenta dormir. Quem sabe você consegue se sentir um pouco melhor.

Meu sono não durou por muito tempo. Quando abri novamente meus olhos, vi que Felix estava dormindo. Eu não queria acordar ele, então passei as horas tentando me distrair sozinha.

Duas horas depois, eu não aguentava mais. As contrações era muito fortes. Felizmente, naquele momento, minha obstetra abriu a porta do quarto, acordado Felix. Ele esfregou os olhos, tentando focar a visão.

- Bom, eu até perguntaria como você está, mas, pela sua expressão, já sei a resposta. Vou medir de novo, ok?

Ela mediu minha dilatação e Felix apertou minha mão. Ele parecia mais ansioso que eu.

- (S/N), você está com dez centímetros de dilatação. Vamos para a sala cirúrgica. Você está em trabalho de parto.

Oneshots ⭒✧° SKZOnde histórias criam vida. Descubra agora