⭒✧° Jisung (Parte 2)

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Jisung POV

- Consegue me ver?

Uma pergunta estranha visto as circunstâncias. A garota estava passeando pelos cômodos do castelo até tropeçar comigo; eu me esquivei dela! Como que ela vem e me pergunta se eu consigo ver ela? Não é óbvio?

(S/N) continuava me encarando silenciosamente, sua expressão ansiosa dedurando sua espera pela minha resposta. Ela não tinha ido embora logo depois de me colocar para dentro desse lugar? Lembro-me bem de tê-la ouvido trancar a porta atrás de mim. Ademais, o trinco era extremamente velho, resultando em um objeto que faz um barulho altíssimo. Para que ela já estivesse ali, ela deveria ter aberto novamente a entrada, porém eu não ouvi absolutamente nada; nem sequer um som longínquo. Haveria outro acesso pelo qual ela pudesse ter passado?

O que diabos você está se perguntando, Han Jisung? Você está em um castelo da era medieval. Será que a anta não reparou no tamanho dessa budega? É ÓBVIO QUE HÁ MAIS DE UMA ENTRADA!

Entre tantas reflexões simultâneas que passavam pelos meus pensamentos, reparei que a garota agora usava uma roupa diferente. Quando a vi na entrada úmida, ela portava calça escura com uma jaqueta combinando, uma blusa branca social por baixo. Agora ela estava usando algo que eu acho mais condizente chamar de trapo do que de roupa. Uma calça de moletom inteiramente rasgada e uma blusa pela metade. Tenho que admitir que (S/N) é de uma eficiência surreal. Pelo que tenho em mente, estou aqui há menos de vinte minutos, o que significa que ela passou por outra entrada, trocou toda sua roupa e mudou o penteado de cabelo em tempo recorde.

- Você não vai me responder? - fiquei divagando pelos meus pensamentos por tanto tempo que por um momento me esqueci que (S/N) estava ali.

Tenho que admitir que sua figura parada à minha frente, me encarando, analisando cada milímetro do meu rosto fazia um calafrio percorrer meu corpo. Ela tinha um certo ar fantasmagórico, a pele pálida, perceptível mesmo que na escuridão do ambiente. Alguém tem que contratar ela para fazer alguma peça de teatro, porque é uma atriz incrível, aparentemente. Conseguiu me causar um pouquinho de medo com toda essa cena.

- Você é realmente boa no que faz, (S/N). - constatei antes de retomar meu percurso, me dirigindo para o próximo cômodo, que estaria ao outro extremo do corredor pelo qual teria de passar. Mesmo que já estando relativamente longe da garota, pude ouvi-la sussurrando consigo mesma.

- Ele conheceu ela?

...

Ao decorrer dos minutos, deixei meu breve encontro com a garota pouco conhecida esvair-se de minha mente; minha atenção logo se voltou para o castelo novamente, um local muito mais interessante do que os recentes acontecimentos.

Em questão de uma hora, passei por mais três cômodos diferentes, analisando cada um deles aos mínimos detalhes; cada objeto, cada pedra nas paredes. Desisti em pouco tempo da minha "visão noturna" e peguei a lanterna do meu celular para clarear meu caminho. A bateria ainda estava em oitenta por cento, mesmo já a tendo usando por um tempo considerável. Nada como um celular novo.

Não havia me encontrado com mais ninguém. Não sei ao certo quantas pessoas estariam ali junto comigo, mas acredito que o lugar fosse suficientemente grande para que estivéssemos longe uns dos outros. Tenho que admitir que muito eu gostaria de encontrar mais alguém ali; me daria alguma segurança, eu acho.

Estava ficando cada vez mais cansado; estávamos beirando a meia noite e minhas pernas já estavam começando a ceder à gravidade, minhas pálpebras cediam ao sono. Precisava encontrar um local confortável para passar a noite, antes que meu corpo desistisse de vez. A princípio, poderia dormir em qualquer cômodo que me conviesse; os responsáveis por esse monumento nunca se pronunciaram em relação a qualquer quarto proibido, o que nos dava a permissão para ir onde bem entendessemos.

A primeira porta que avistei se tornou meu destino principal, meu foco naquele momento. Queria um pouco de privacidade em um momento tão vulnerável quanto esse, então aquele cômodo fechado veio a calhar. Em alguns passos alcancei a maçaneta, porém a larguei antes mesmo de tentar a girar.

- Não adianta. Está trancada.

- Cristo redentor! - berrei com o susto, levando a mão ao peito, meu coração batendo a milhão.

- Existem sei lá quantos santos, e você vai pedir ajuda para uma estátua? - a garota debochou, rindo.

- O que foi, mulher? Quer me matar do coração?

Ela pareceu pensar por um momento.

- Não seria má ideia. Estou mesmo me sentindo um pouco solitária aqui. Companhia seria bem vinda.

- Que companhia o que. Tu por acaso mora aqui? - perguntei com certo receio.

- Moro.

A garota respondeu com uma tranquilidade assustadora. Ela parecia estar se divertindo vendo eu tentar esconder minhas paranoias que cresciam a cada palavra trocada.

- Ok, (S/N), você é uma ótima atriz, parabéns, mas-

- Como você sabe meu nome? - me interrompeu.

- Eu olhei seu nome no crachá que você estava usando mais cedo.

(S/N) pendeu a cabeça para o lado, cerrando os olhos ao me encarar. Ela parecia decepcionada ao mesmo passo que expressava surpresa. Seu rosto transparecia sua dúvida se eu era burro ou não.

- Que crachá? - perguntou com um sorrisinho.

- Já pode parar com o seu showzinho. Eu estou com sono, e agradeceria muito se você pudesse ir embora.

Virei de costas e tentei abrir a porta, que realmente estava trancada. Não ouvi nenhum barulho que indicasse que a garota tinha ido embora, então, sem surpresa alguma, vi ela assim que me virei novamente.

- Eu te disse que a porta estava trancada.- disse com ar de vitória. - E, mesmo que não estivesse, a cena não agradaria os seus olhos.

- Pelo amor de deus, do que está falando?

- Você é uma anta mesmo ou tá só fazendo cosplay? - revirou os olhos. - Nenhum estabelecimento mantém uma porta fechada sem dar um motivo. Os responsáveis precisam, ao menos, colocar um aviso na porta em questão. Se você prestar bem atenção, não há nada ali. - virei para a direção em que estava apontando. - Ninguém sabe que ela está trancada além de mim.

- E como você sabe? - questionei desconfiado.

- Eu fui a última pessoa que entrou ali.

- Então foi você quem a trancou?

- Essa porta pode ser fechada apenas por fora; era o quarto do castigo que o rei mandou construir para a filha. Eu disse que entrei, não que saí.

- Do que você está falando? - estava ficando cada vez mais confuso. - Quem trancou se não você?

- A garota que você viu mais cedo.

- Mas foi você que eu vi mais cedo!

- Aquela lá não sou, pouco mais essa daqui. - declarou apontando para si mesma. - Eu ainda estou ali dentro.

- Você...

- Meu corpo nunca saiu lá de dentro, Jisung.


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⏰ Última atualização: Dec 12, 2022 ⏰

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