Primeiro Arco - Uma vez irmãs, para sempre irmãs.

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~ Point of view Bruna Adrian Castelli Ferrari ~


Todos tem uma mania de começar a contar uma historia pelo inicio, eu não sou tão diferente. Mas eu me pergunto quando exatamente seria o inicio da nossa historia. No dia do nosso nascimento talvez ? a maldita coincidência de termos nascido basicamente no mesmo dia. Obviamente, eu era a mais velha. Nasci exatamente as dez horas da noite do dia 20 de março. Já a Lara, ela nasceu as três da manha do dia 21 de março.

Por alguma razão nossos aniversários eram comemorados sempre no dia 20. E eu odiava isso. a Lara parecia não se importar, mas eu sempre me irritei com a ideia de que talvez o meu pai estivesse negligenciando o dia em que ela nasceu. Obvio que quando eu era pequena eu não tinha ideia de qual palavra seria essa, mas mesmo com os meus sete anos, eu já perguntava o porque de não fazermos o aniversario da Lara no dia 21.

Mamãe nunca me respondeu, não adequadamente. Não de um jeito que me deixasse satisfeita.

Mas eu nunca pude fazer mais do que questionar.

E acho que é por isso que posso realmente contar nossa historia do inicio. Talvez.

Desde sempre, desde quando eu me lembro, eu e a Lara sempre estivemos juntas, seja no banho, seja na cama para dormir, ou nas aulas. Obviamente isso mudou depois dos meus doze anos. Mas durante todos aqueles doze anos da minha vida, a presença da Lara era quase como se fosse algo que fizesse parte de mim. fomos criadas como gêmeas, todos da família acreditavam nisso. Eu acreditei nisso. Acreditei tanto que, na minha mente infantil e ingênua, eu e Lara compartilhávamos a mesma alma, o mesmo espírito, eu acreditava que éramos uma só, que eu era parte sua e ela parte minha. Era obvio que eu ouvia as historinhas de dormir sobre gêmeos de corpo e alma que a Luana me contava, e acreditava fielmente nisso.

Minha crença era tão forte e intensa que, quando a Lara se machucava, magoava ou se irritava, eu sentia como se parte de seus sentimentos fossem enviados para mim. eu acreditava nisso. Com todas as minhas forças.

Mas a minha ficção ilusória de que éramos uma só caiu por água abaixo aos meus onze anos.

Era a primeira vez em três anos que a tia Vera havia aparecido para a noite de natal. Me lembro que da ultima vez, Lara acordou do meio da noite por causa de um pesadelo, e enquanto ela ia beber água, eu a esperei pacientemente, brincando com os ursinhos de pelúcia. Ela não voltou no mesmo minuto, e quando se passou mais de três, sim eu contei na minha cabeça, fui atrás dela.

Foi no meio do caminho que ouvi os gritos do papai. Ele estava irreconhecível, era assustador, sua voz parecia vibrar por toda a casa, eu não entendi o que ele falou mas pelo seu tom e pela altura, eu sabia que eram gritos de raiva, ódio na verdade.

Eu não tive coragem de ver o que estava acontecendo, mas depois daquele dia, a tia Vera simplesmente deixou de aparecer. Ate mesmo em nossos aniversários.

Então ter a presença da tia na ceia de natal depois três longos anos, foi estranho.

A Lara estava estranha, ela não comeu direito, e fazia uma expressão de receio e nojo.

Foi ai que eu ouvi. Depois da ceia. Depois da tia Vera ir embora.

" – ela não sabe que você é adotada, ninguém da família sabe, e se soubessem, a desgraça seria ainda pior. Nenhum Ferrari nessa vida nunca adotou uma criança. Eles nunca duvidaram pela Luna não ser da família, mas se duvidassem eu não conseguiria negar. "

Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -Onde histórias criam vida. Descubra agora