... Continuando ...
Não senti aquela manhã se passar, não soube como havia apresentado os trabalhos, ou como havia retribuído os sorrisos, ou como murmurava algo em conversas que meus amigos me enfiavam.
A real era que eu não estava pensando, não estava vendo ou ouvindo. Era tudo automático, seja nas aulas de matemática ou física, como nas aulas de literatura e historia.
Em alguns momentos estava todos tão longe e distantes que eu sequer distinguia quem falava comigo, sequer olhava para os seus rostos de verdade.
E foi isso a manhã inteira.
Como se eu não existisse. Como se fosse doloroso demais existir.
Eu a vi mais duas vezes naquela manhã. No intervalo e no almoço, ambas as vezes no refeitório.
E durante aqueles trinta ou vinte minutos que passei sentada na minha mesa no canto do refeitório, encarando ela, foi como se apenas ela existisse naquele lugar cheio e barulhento.
Eu sabia que um dos meninos estava falando comigo, ate mesmo me deram um empurrãozinho no ombro. Mas não consegui reagir, o fato de América estar completamente desconfortável no meio das Cheerios parecia ser mais importante do que qualquer outra coisa.
Foi no segundo em que um dos garotos do time tentou abraçar o seu pescoço.
Ela estremeceu, o seu rosto ficou pálido, seus olhos se arregalaram. Os idiotas não haviam percebido a sua reação muito menos desconforto.
Por alguma razão ver ela ter um surto interno me fez ofegar, me fez apertar a caixinha de leite com tanta força que a mesma estourou em minha mão.
- hey Luluh.. – o toque e a voz baixa e preocupada do Dylan me fez tremer e soltar a caixinha que havia espalhado o leite por toda a mesa. Sua expressão surpresa e assustada me fez piscar.
Meu coração estava acelerado e minhas mãos tremulas.
Mais que inferno Maria Luisa. Ela terminou com você! sua idiota de merda!!
Em um ato de agitação e ansiedade, esfreguei o rosto e os meus cabelos com a mão limpa. Sentindo aquele tremor e calor estranho se espalhar pelos meus membros.
- NÃO ME TOCA SEU PEDAÇO DE BOSTA! – a voz dela me fez levantar da mesa, quase como se me despertasse do meu pequeno surto. Voltei a procurar ela com os olhos. Todos do refeitório haviam ficado quietos com o seu grito que pareceu ecoar pelo colégio inteiro.
América estava literalmente surtando. Hiperventilando, ofegando desesperadamente, suando, e toda vermelha, com uns dois metros de distancia da mesa dos populares.
Os garotos ate tentaram rir e fazer piadinhas mas a capitã encarou eles. ela nem precisou ordenar um " cale a boca ". Thais levantou da mesa, encarando todos os outros alunos que permaneciam em silencio.
- ISSO AQUI NÃO É UMA CENA. VOLTEM A VIVER AS SUAS VIDAS INUTEIS E FUTEIS. – as conversas simplesmente voltaram a rolar e soar ainda mais altas do que antes.
Mas mesmo depois de todos esses segundos, eu não havia deixado de ofegar ou tremer os ombros e braços.
- Malu o que você tem hoje ? – tentei ignorar o fato da garota ter começado a chorar e sair correndo, eu tentei com todas as minhas forças. Mas nem a voz da Kass me fez deixar de olhar para o corredor que ela havia seguido.
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Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -
Teen FictionNos desencontros e encontros dessa vida, nunca achei que a minha teria todas as reviravoltas que teve. Ser expulsa de casa, entrar em uma gangue fora da lei, fazer amizades importantes que eu levaria para toda a vida, me vincular e amar tantas pesso...