Segundo Arco - Sangue Deve Ser Derramado

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... Flashback on.. o fim da corrida...

Havia pegado o caminho de terra para voltar ao sitio. Faltava no mínimo uns 10 quilômetros para finalmente chegar e vencer a corrida, ou pelo menos ser uma das primeiras. Minha moto constantemente derrapava, mesmo que o pneu seja feito para andar na terra e areia, ter equilíbrio enquanto acelerava feito uma louca era quase impossível. O ponteiro da velocidade ultrapassava os 100 km.

Meu corpo estava em chamas, os gritos e berros enlouquecidos dos outros motoqueiros durante o percurso da cidade me faziam rir feito uma idiota, a sensação de estar chapada, a dormência em meu rosto, garganta e língua, aquele gosto amargo e o palpitar enlouquecido em meu peito. Eu senti falta disso. correr chapada, ou simplesmente correr.

Ate que o barulho de outro motor atrás de mim me fez arregalar os olhos, quando percebi já era tarde, meu pneu de trás foi literalmente empurrado. Não vi absolutamente nada. Apenas senti.

Meu corpo voando para longe, a moto saindo do meio das minhas pernas, o impacto fora tão forte que ainda rolei pela terra umas quatro ou seis vezes.

O capacete voou para longe e minha cara se chocou contra a terra.

Foi como se um quilo de areia tivesse entrado na minha boca. Não senti dor, não senti formigamento, não senti nada além do calor, do pulsar enlouquecido e do liquido quente escorrendo pelo meu rosto.

Ainda estava cheia de dormência, a cocaína havia me chapado tanto que aquela queda não pareceu absolutamente nada.

Virei lentamente, grunhindo baixinho com o lampejo de dor em meu pulso, e meus olhos se moveram para a estrada de terra ao ouvir passos.

La estava o cara que havia provocado a minha queda. Grunhi baixinho, resmungando pela falta de forças para levantar.

Ele levantou o capacete, me mostrando o seu rosto, sua expressão sorridente, e aqueles olhos fodidos.

- eu avisei a você que se o visse de novo na cidade, iria te estourar todinho. – rosnei cheia de ódio, apoiando a mão boa contra o chão, mas o Rafael foi mais rápido. Ele chutou a minha mão boa me derrubando novamente e pisando sobre o pulso machucado.

Isso me fez gritar, não só de dor, como também em ódio.

- não vai ser só a vitória que vou levar de você hoje. Eu vou tirar tudo de você. tudo. E quando perceber, ela vai ser minha e estaremos tão longe que nunca, nunca vai conseguir nos alcançar. – ele continuou a pisar em meu pulso, me fazendo morder os meus dentes com toda a minha força, respirei forte e enlouquecida, agarrando a sua perna com a mão machucada.

O puxei para longe, rolando e levantando do chão em um pulo.

A dor começou a me fazer ver picos de luz, assim como as fisgadas e lampejos de choques no pulso e nos meus dedos da mão esquerda, me faziam perder o equilíbrio.

Rafael havia caído o chão, mas não demorou um segundo para ele s arrastar rapidamente e correr ate a sua moto.

- VOLTA AQUI SEU PEDAÇO DE MERDA ABANDONADO NO LIXO! – berrei, correndo atrás dele.

Foi a minha burrice de socar a sua cara que me fez cair para trás.

Não soquei a sua cara. Soquei o capacete.

E com a porra da mão machucada.

Ouvi a sua risada ecoar de longe enquanto o barulho da sua moto sumia. A dor me fez oscilar entre ficar consciente e apagar. Lentamente me arrastei ate a minha moto, a dor era tão forte que me fez perder o ar, me fez lacrimejar, me fez encolher assim que sentei na moto e segurei a mesma.

Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -Onde histórias criam vida. Descubra agora