Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -

Segundo Arco - Tudo apenas tinha começado

~ Point of View Maria Luisa Diniz Mc London~

Não era a minha primeira vez visitando o complexo. Na verdade eu já tinha perdido a conta de quantas vezes já tinha ido parar ali, por vontade própria ou não.

O diferente dessa vez, era que o Carlos não estava na cidade para me acompanhar ou me tirar de la.

Era obvio que haviam uns dois ou quatro policiais que eram nossos informantes, naquela época, quando algum policial conseguia me prender por ser pega vandalizando alguma loja ou estabelecimento particular. Nossos informantes sempre faziam questão de me tratar bem, de limpar a minha ficha ou me deixar tomar um banho.

Passar a noite na cadeia era algo ate familiar pra mim.

Mas aquilo tudo era parte do meu passado. Parte do que eu era, do que eu deixei de ser.

Voltar a colocar os meus pés no complexo foi algo estranho, fazia longos dois anos que não aparecia por aqui, e nada parecia ter mudado. os policiais que ficavam atrás dos computadores continuavam atrás dos computadores, os detetives que tinham as suas mesas cheias de arquivos, continuavam atrás de suas mesas cheias de arquivos, os policiais que iam para a ação, ou os que faziam vigia pela cidade, iam e vinham com seus copos de café do Starbucks, ou pacotes de lanches gordurosos, e obviamente, vários delinquentes e marginais se encontravam algemados a algumas cadeiras ou a mesas aleatórias pelo complexo.

E quanto mais andava pelo extenso corredor cheio de salas e celas, mais lembranças antigas pareciam se acender no fundo da minha mente.

- Então você veio pela Ferrari. – a voz alta e grossa do militar me fez erguer o rosto na sua direção, ele era obviamente mais alto e musculoso do que eu. Muito musculoso alias. – ela esta na enfermaria, nossos enfermeiros estão tratando dos seus ferimentos. Felizmente não é algo grave, saiba que se ela não fosse pega em ação, principalmente por ter sido um homicídio qualificado. teríamos levado a para o hospital. – minha falta de resposta o fez me encarar mais intensamente, como se estivesse me analisando.

Homicídio ?

Lara matou alguém? mas porque infernos ela iria fazer essa merda?

- preciso que me diga exatamente o que aconteceu senhor. – seu olhar continuou firme enquanto ele acenava em concordância, abrindo uma porta para que eu entrasse.

Parecia ser sua sala.

- ela estava enlouquecida quando a encontramos. Quatro corpos estavam ensanguentados no chão, foi uma cena angustiante de se ver, por alguma razão, essa garota não parecia sentir dor ou reagir a mesma. não sabemos ao certo o que aconteceu ali. Mas pelas informações que nossos detetives conseguiram adquirir da cena do crime e de todos os envolvidos. Essa é a historia que temos;

" dois jovens resolveram sequestrar uma garota que eles obviamente conheciam, com ajuda de outros homens eles conseguiram drogas, e a mantiveram trancada em uma casa no meio da floresta. Um deles resolveu brincar de medico e fez com que a garota recebesse altas doses de drogas injetáveis, causando diversas overdoses e paradas cardíacas. Encontramos um medico clandestino no meio da floresta, esse que disse ser o responsável de trazer a garota de volta toda vez que seu coração tivesse uma falha. Um dos garotos queria a torturar enquanto o outro tinha um plano mais perverso, ele deu a localização da garota para a sua irmã, Lara Rafaela Ferrari nunca foi fichada antes, mas seus ataques de raiva estão presentes em vários históricos acadêmicos. Ela tem um laudo psicológico. O plano de Rafael provavelmente era fazer com que Lara se livrasse de todos os outros enquanto ele fugia com a irmã dela para longe. O que ele não levou em conta, fosse que a garota realmente perdesse o controle e matasse todos. Ou quase todos. É isso que temos ate agora, os homens que Lara assassinou, eram gangsteres fichados e procurados por roubo a mão armada, já o medico foi encaminhado para a prisão depois do seu depoimento. E os dois jovens que arquitetaram tudo, estão no hospital. Não sabemos se eles vão conseguir sobreviver. "