Primeiro Arco - O inicio de um pesadelo. parte 2

36 3 20
                                    

...Continuando...

~ Manhã de sábado. 21 de março ~ 

~ 9:15 Am ~

A sensação de nervoso e insegurança ainda me consumia, mesmo depois do William ter sido paciente comigo e passado a ultima hora com seus braços ao meu redor, com suas mãos se arrastando em minhas costas como se estivessem tentando dizer " pode chorar, isso vai passar " enquanto de minutos em minutos ele beijava e cheirava a minha cabeça. os meus cabelos.

Mesmo com os seus carinhos amigáveis e afetuosos.

Eu não consegui parar de chorar.

Ou de me sentir agitada, ou ansiosa, ou insegura, ou nervosa, ou desesperada, ou prestes a entrar em pânico.

Nada fazia sentido. Meu amigo. Meu melhor amigo. De infância. Ele havia me drogado. O Rafael havia me drogado.

Eu não conseguia parar de pensar nisso, e o medo só ficava ainda maior, mais forte, mais intenso, a cada lembrança aleatória que se passava em minha mente.

Ficávamos sozinhos em meu quarto. A todo momento. Eu dormia em sua casa quase sempre. Eu me sentia protegida quando ele me abraçava. Eu saia com ele para os lugares. Eu confiava tão cegamente nele que em nenhum momento eu nunca tinha reparado em seus olhares. Em suas expressões. Em sua estranheza. Em seu ciúmes e complexo eterno contra a Lara.

Agora tudo fazia sentido.

Minha cabeça doía. Meus olhos doíam. Ardiam. Latejavam. Tudo era muito pra mim.

Mesmo com todo o corpo tremendo, mesmo que os lábios continuassem a tremer freneticamente, enquanto eu me controlava para não surtar de uma vez.

O meu alarme no celular me fez fungar ainda chorosa.

eu sempre gostei de ter alarmes. Esse era exatamente para saber onde a Lara estaria, onde o rafa estaria, onde o Will estaria.

Todo sábado. As 9:15 éramos liberados tanto para o intervalo quanto para o encontro de times.

O Will era titular do time de basquete.

Ele deveria ir. Mas em nenhum momento ele deixou de me manter em seus braços.

- você precisa ir.. – minha voz estava falha, chorosa, tremula. Eu tinha medo de encontrar o Rafael pelos corredores, só de pensar nisso já me deixava tensa e nervosa. Mas eu não poderia deixar o Will faltar um encontro do time.

Era algo importante para ele.

- eu não vou Ad. Você não me disse ainda o que infernos aquele idiota fez com você. e não me parece que tenha melhorado. – sua voz preocupada me fez esfregar o meu rosto e olhos, funguei com certa força, prendendo as lagrimas, sentindo elas se aglomerarem em meus olhos.

- esta tudo bem. por favor.. não.. não faz eu me sentir ainda pior. – grunhi baixinho, apertando suas mãos. – vai.. quando terminar eu te encontro no refeitório. – era uma mentira. Eu não iria para o refeitório. Não hoje. Não me sentindo tão.. desprotegida.

- tem certeza ? – a sua expressão me fez forçar um sorriso tremulo. Acenei rapidamente. Não conseguia dizer aquilo. Eu não tinha certeza de mais nada.

Ele segurou em minhas bochechas e me deu um beijo demorado na testa. Olhou em meus olhos e limpou as minhas lagrimas.

- eu vou te encontrar assim que terminar a reunião – ele me encarou como se quisesse confirmar algo, antes de suspirar e sair da biblioteca. Era o único lugar onde poderíamos estar sem sermos advertidos ou interrompidos.

Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -Onde histórias criam vida. Descubra agora