Segundo Arco - O meu lado da historia.

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~ Point Of View Lara Rafaela Castelli Ferrari ~


O começo de tudo foi exatamente o meu fim.


Antes daquele natal, a minha vida foi um conto de fadas. Uma mentira. Um sonho que a muito tempo foi tirado de mim, destruído, arruinado, acabado.

O pior de tudo era o sentimento de traição, de abandono. De saber que nada do que vivi por longos 8 anos, não era real.

Foi um peso enorme pra uma criança de oito anos suportar. Entender.

Eu não tinha noção do quão insuportável foi agüentar toda aquela informação, toda a raiva do homem que se dizia ser o meu pai, aquele fardo que seria continuar a viver uma mentira pelo resto da minha vida.

Depois de ouvir as vozes dos meus pais, tudo mudou.

Em pensar que mamãe dizia todas as noites que havíamos nascido de mãos dadas. E que sempre nos acalmávamos quando bebe, dando as mãos, ou ficando uma perto da outra. Eu me sentia em um conto de fadas onde Bruna era o meu porto seguro. Ela era tudo pra mim. na real nunca deixou de ser.

Mas o conto de fadas se foi. Aquele vinculo que achei ter com ela, se foi. A ligação que dizíamos ter uma com a outra, as brincadeiras que fazíamos de conseguir ler a mente uma da outra. As conversas pelos olhares.

Tudo isso não passou de uma invenção, não só de nossas cabeças infantis como também dos nossos pais.

Afinal, eu nunca fui a sua irmã de verdade.

~FlashBack on~

As irmãs do papai sempre vinham nas datas comemorativas. Sempre, tia Castapella, tia Vera, tia Vilma, e as vezes, a tia Lena ligava e conversava comigo e com a bruna. Tia Lena parecia chorar as vezes, dizendo que não conseguiria vir para o natal ou ano novo. Mas ela sempre manteve contato comigo. Me mandava presentes, e conversava sobre os amigos ou sobre minhas crises de ciúmes.

Eu a admirava. Mesmo que de longe. Via as suas fotos antigas no álbum da tia castapella. Ela era tão linda e parecia tanto comigo.

Era o meu sonho conhecer ela pessoalmente.

Por algum motivo, dentre todas as irmãs do papai, a Vera e a Vilma, que eram gêmeas assim como eu e a Booh. Viviam arranjando briga e discutindo com ele. Sempre. Em todas as festas. Elas olhavam eu e Bruna com nojo. Nunca entendi o porque, era por tomarmos banho juntas ? dormimos juntas ? por comermos juntas ? ou por dar beijinho ?

Mamãe dava beijinho na gente. a Lua dava beijinho na gente.

Porque elas não gostavam de quando eu e Booh dávamos beijinho ?

Mais uma vez elas haviam feito cara feia para nos duas, quando finalmente deixamos de jogar vídeo game e demos as mãos para subir. Booh estava sonolenta e com sua cabeça enfiada em meu pescoço, eu sentia ela respirar e balbuciar contra a minha pele. E fazia cócegas.

Eu ri baixinho sentindo ela sorrir e abraçar o meu braço, nossos ursinhos estavam seguros em seu braço livre. Ela os abraçava enquanto andávamos ate o papai e a mamãe.

E la estavam elas, sentadas no sofá, nos encarando com uma expressão estranha, eu me senti tão mal.

Meus olhos queriam marejar por causa do seu olhar, da sua expressão.

Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -Onde histórias criam vida. Descubra agora