~ Point Of View Lisara Diniz Mc London ~
~ Inicio da Segunda aula do dia. 15 de abril. 8:55 da manhã. ~
Raiva. Era a única coisa que pulsava em minhas veias. Raiva. A mais pura e odiosa, daquelas que você não consegue controlar, daquelas que estremecem os seus membros e te faz suar. Nem mesmo a dor alucinante em meu nariz, em minha bochecha, no meu rosto, nada disso parecia ser o suficiente pra me tirar daquele transe.
Por quê ? Porque ela havia feito isso? Maria nunca tinha encostado a mão em mim desse jeito, ela sempre disse me amar e chorava quando não conseguia me proteger. Que tipo patético de irmã faz isso com a outra?? Não conseguia entender, não conseguia.
E parte de mim não queria.
As vozes ao meu redor perguntavam sobre o porquê do meu nariz estar sangrando, ou o porquê da minha roupa estar manchada de sangue, ou se eu queria ir para a enfermaria. Eu ouvia todas as vozes, entendia todas elas. Mas minha mente não estava na sala de aula, não estava nos alunos ao meu redor, ou na professora na frente da sala.
Minha mente estava longe, completamente vazia e também, completamente cheia.
- Lisara. senhorita Mc London! Mc London. Mc London!! – inclinei o rosto na direção da voz, engolindo em seco e piscando os olhos. Era a professora. – vá para a enfermaria, e depois para o ginásio. Vamos ter educação física na quadra coberta.
Foi só depois disso que percebi a minha respiração forte e meio ofegante, meus olhos estavam molhados, eu sabia disso. Sabia que estava quase que chorando. Rapidamente, limpei os mesmos, esfregando-os enquanto saia da sala, não estava prestando atenção nos corredores, nem lembrava onde ficava a enfermaria, seria mais fácil ir a um banheiro, lavar o rosto e ir pro vestiário me trocar para a aula.
- hey!! Lisa!! Espera por favor! – Era América, a memória vaga de tudo o que aconteceu essa manhã me fez arregalar os olhos e morder o meu lábio inferior, senti que estava rasgando o mesmo.
Era culpa dela ? A Maria quase quebrou o meu nariz por causa dela??
- Lisa eu posso explicar, por favor, me da uma chance, uma única chance.. – seu tom de voz era desesperado, ela parecia ofegante também. Mas não foi a sua mão que senti segurando o meu braço, foi por isso que minhas sobrancelhas se apertaram, e meu rosto ficou ainda mais tenso.
- pare de ser infantil e escuta ela. sua idiota. – consegui ver a Gaby pelo canto dos meus olhos, ela estava seria. E não parecia querer soltar o meu braço.
Mas era impossível, não conseguia me acalmar, ainda me sentia possessa. No fundo eu sabia que o mínimo que eu poderia fazer era ouvir ela, mas ainda me sentia cheia de raiva, traída, frustrada, confusa.
Gaby deve ter percebido a minha crise idiota, afinal ela mudou a posição de sua mão, levando a ate o meu ombro, e segurando o mesmo. Suas mãos massagearam os meus ombros, apertando-os, foi ainda mais estranho ela ter movido os seus braços e me abraçado pelas costas.
- calma querida.. a gente só quer te explicar o que aconteceu ali. Vai ficar tudo bem, você não errou em nada. Mas também não pode descontar a sua raiva nos outros. – minhas orelhas estavam vibrando. A sua voz estava soprando contra o meu pescoço. Lentamente a minha respiração desesperada foi se acalmando, Gaby ainda esfregou as suas mãos lentamente pelo meu abdômen, abraçando o meu quadril e apertando o mesmo. Isso me fez fechar os olhos e suspirar profundamente. Senti que ela estava sorrindo contra o meu pescoço, e isso me fez arrepiar. – isso.. Você é muito impulsiva sabia? Idêntica a sua irmã. – minhas bochechas estavam pegando fogo pela vergonha.
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Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -
Ficção AdolescenteNos desencontros e encontros dessa vida, nunca achei que a minha teria todas as reviravoltas que teve. Ser expulsa de casa, entrar em uma gangue fora da lei, fazer amizades importantes que eu levaria para toda a vida, me vincular e amar tantas pesso...