~ Sábado 18 de Abril. Oito e meia da manhã ~
~ Point Of View Maria Luisa ~
Nada disso estava nos meus planos, não mesmo. Em uma semana aconteceu tanta coisa, foi tanta coisa que parece que se passou um ano. Mas foram apenas dias. Poucos dias. a Lucy sendo esfaqueada, a Gaby e a Mary me ajudando, a Mary dormindo comigo na minha casa, eu mentindo para Mary e indo atrás dos homens que machucaram a Lucy. Meu encontro com a Madame Clarck, com o Alan, com a Lisa.
Tudo estava acontecendo tão rápido. Eu estava tão acabada e de repente tão feliz. Minhas emoções não estavam tendo tempo para permanecer em meu coração porque a todo momento uma situação diferente me fazia sentir emoções extremas. Fazer amor com a Mary, ver o seu lado safado manhoso e fogoso durante o sexo. Dizer que a amo pela primeira vez. Uh.. nada disso estava nos meus planos.
Se me dissessem na segunda que na sexta eu estaria fazendo amor com America em sua cama, eu iria ter uma crise de risos. Com toda certeza. E não seria por achar engraçado e sim de nervoso. Afinal eu tinha medo.
Eu tenho medo.
Medo de estar sendo precipitada. De estar errada em trazer ela para o meu lado. De não ser certo me relacionar com uma garota tão jovem. Eu não sou velha, mas já sou uma adulta. É obvio que tenho medo.
E ter esse encontro/café da manha com a mãe dela só fez esse medo ficar ainda mais intenso. E agora não era pela minha idade.
Não.
Eles destruíram nossas mães. Nos fizeram sofrer em seus lugares também. Seja la quem fosse, o Andrei. O Gustavo. O Alexandre. Ou ate mesmo os pais de Amélia. Eles não se importaram de nos adoecer. Ou de adoecer as nossas mães. A única coisa que eles queriam era que nos afastássemos. Caso contrario o cenário de família unida feliz e tradicional estaria arruinada. Isso me fez sentir um embrulho novo no estomago, um amargo na boca e no estomago. Eles não tinham humanidade. Não poderiam ter.. não depois disso tudo. Destruir a própria filha ? a própria neta ? qual o problema desse velho psicopata maldito ?
- você já conseguiu se acalmar garotinha.. ? – a voz da Karoline não estava mais seria, ou arrogante, era uma voz calma e ate mesmo meiga. O que por incrível que pareça não era ruim ou estranho, na verdade.. Era familiar. Parecia ser uma voz que eu ouvia muito, há muito tempo atrás. Oh sim.. Eu a ouvia sim..
Agora conseguia me lembrar de poucas coisas, parte daquelas memórias que um dia simplesmente desapareceram da minha mente haviam retornado. Pelo simples fato dela ter me contado sobre o passado. Sobre America. Sobre o apelido. Poucas coisas me retornavam a mente. Lembranças tão vividas e cheias de amor e carinho. Lembrar do seu rosto de antigamente e comparar com o de agora me dizia muito sobre seu estado atual. Sozinha e abatida.
- eu consegui sim.. eu.. quero saber mais.. porque ? porque tiveram que se afastar, nos afastar.. ? – pergunto baixinho me sentindo quebrar a cada palavra, eu me lembrei. Lembrei de nossos passeios juntas. Em como a mamãe era tão feliz e radiante na sua presença. Em como elas eram tão cheias de vida.
- nossa relação.. nosso relacionamento. Não era um segredo. Pelo menos não para algumas pessoas. O Andrei sabia. Ele sempre soube, vivíamos disputando quando jovens, mas ele sabia que nunca conseguiria o amor dela. Aha.. aquele maldito infeliz.. – pisquei os olhos um tanto desacreditada. Ela iria.. me contar de seu romance com a mamãe ?isso.. isso não parece nem um pouco certo!! Pelos Deuses!! Eu não quero saber! – não me olhe assim querida.. eu não irei dar detalhes okay ?
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Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -
Ficção AdolescenteNos desencontros e encontros dessa vida, nunca achei que a minha teria todas as reviravoltas que teve. Ser expulsa de casa, entrar em uma gangue fora da lei, fazer amizades importantes que eu levaria para toda a vida, me vincular e amar tantas pesso...