~ Point Of View Narrador ~
Toda aquela manhã poderia não passar de um borrão para ambas as garotas, era obvio que Bruna não se lembraria de metade do ocorrido quando a noite caísse. poderia ser o mesmo com Lara. ambas compartilhavam daquele mesmo bloqueio. Querendo ou não, toda vez que elas se magoavam ou se traumatizavam, as lembranças se apagavam aos poucos, ate sobrar poucos fragmentos de memória, e a sensação. A dor e o sentimento continuavam vividos em seu corpo e mente. Era algo que mesmo esquecendo das imagens, não ia embora facilmente.
Mas essa introdução poderia ser um equivoco, afinal os próximos acontecimentos ficariam marcados em sua vida. Nenhum trauma ou dor psicológica faria com que Lara esquecesse disso.
Era 11:35 da manhã, fazia quinze minutos que Lara estava procurando a pequena, quinze minutos que invadia todas as salas e banheiros daquele colégio enorme. Correndo pelos corredores e se escondendo dos supervisores e monitores que continuavam a perambular por ai.
Toda aquela manhã Lara esteve a procura de Bruna, fosse com os olhos ou apenas perguntando aos seus colegas.
Mas ela havia simplesmente sumido.
E foi depois do sinal tocar, e de toda a massa de alunos saírem apressados do colégio, que Lara pode finalmente pensar com clareza.
O único lugar que ela não tinha ido durante toda a manhã, era o fundo do colégio, um lugar onde só havia duas entradas e saídas, uma era pela horta que apenas o pessoal da cozinha tinha acesso, e a outra era pelo portão dos fundos que sempre vivia trancado.
Ela não vacilou muito menos perdeu tempo pensando, Lara se pós a correr ate finalmente conseguir chegar e atravessar a horta. O impulso para pular por cima do muro feito de grades, com o triplo do seu tamanho, seria algo impossível para alguém cinco centímetros menor. Seus dedos alcançaram no topo, e foi assim que com toda a sua força e fôlego, Lara conseguiu puxar o seu corpo para cima. Com os pequenos grampos do topo da grade machucando os seus dedos. Ela não esperou a adrenalina ir embora, não, ela mal respirou fundo antes de se jogar para o outro lado.
Suas pernas quase falharam, seu corpo fora jogado para frente mas Lara não se deixou cair, ela usou suas mãos para redirecionar a queda e fazer um rolamento perfeito.
Aquele sentimento de orgulho próprio, nem que seja o mínimo. Não durou.
Foi nesse mesmo segundo em que a voz de Rafael ecoou pelo espaço ao seu redor.
Suas palavras borbulharam e ferveram na mente da garota. Seus olhos se arregalaram, suas pernas lentamente foram se apressando em andar na direção deles.
E aquela pequena convulsão de ódio e sede de sangue havia se explodido em suas artérias. A visão de Rafael sentado sobre o corpo pequeno de Bruna, enquanto apertava a sua garganta com suas duas mãos, e ria; a fez explodir de dentro para fora.
Lara não correu ate ele, ela voou ate ele. Tanto que quando se chocou contra o garoto, suas mãos agarraram o seu rosto rasgando a sua pele, ao mesmo tempo em que batia a sua cabeça contra o chão. O sangue havia se espalhado pelo mesmo, Rafael não teve como reagir, e Lara não o deixou o fazer. Ao mesmo tempo em que socava a sua cabeça contra o chão, seu punho fazia questão de estourar a sua boca e o seu nariz.
Foram segundos.
Ela havia berrado e gritado mas em sua cabeça apenas o sangue deveria falar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -
Novela JuvenilNos desencontros e encontros dessa vida, nunca achei que a minha teria todas as reviravoltas que teve. Ser expulsa de casa, entrar em uma gangue fora da lei, fazer amizades importantes que eu levaria para toda a vida, me vincular e amar tantas pesso...