~ Point Of View Lara Rafaela Ferrari Castelli ~
~ 29 de março, Domingo, as 17:55 da tarde ~
Eu conseguia vê-los, seus corpos embaçados assim como os rostos nublados. Eram altos, fortes e branquelos. Eles riam, gritavam, batiam, puxavam os seus cabelos, pisavam em seu corpo e chutavam ela.
Minha falta de ar era quase insuportável, não sentia o meu próprio corpo e nem conseguia vê-lo. Mas eu estava ali. Assistindo tudo de longe, ouvindo o seu choro, vendo as suas crises de desmaio, vendo o seu corpo parar de reagir e logo eles enfiarem agulhas em seu peito.
A sensação era pesada, era como se uma navalha estivesse cortando a minha pele, rasgando as minhas entranhas.
Ela morreu umas quatro vezes. Eles a trouxeram de volta em todas as vezes.
Sangue se misturava com a saliva que escorria de sua boca, sua pele ficava cada vez mais pálida.
Os sentidos pareciam ter me voltado depois de um longo tempo, senti as minhas mãos e os meus pés mas não poderia vê-los. Sem consciência alguma eu me aproximei dela, seu corpo que estava tão embaçado quanto os deles começou a criar forma e nitidez.
Era ela.
A minha Booh.
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~Narrador On~
A ideia de levar Lara para sua própria casa fora mais que bem vinda. Principalmente quando a mesma não acordou. Lara havia passado toda a manha sem consciência alguma, as vezes parecia não respirar. Foi depois do meio dia que o corpo da morena começou a suar, a sua febre havia voltado. Mas não era uma febre qualquer. Seu corpo não parava de esquentar e antes das duas da tarde, Lara já tinha mais que 39 de febre.
Sua boca ressecou em questão de horas. A respiração ofegante e a agitação de seu corpo fez Fernanda chorar de angustia, já tinha a limpado, dado banho, trocado as suas roupas, feito de tudo que sabia para conseguir baixar a sua febre. Mas nada adiantou.
As cinco e quarenta da tarde o corpo da morena começou a tremer, seus olhos se abriram arregalados mas ao contrario de ver aquelas Iris de cor âmbar, elas estavam reviradas. Fernanda gritou assustada, conseguindo atrair a atenção de sua irmã mais velha que adentrou o quarto preocupada.
- OLI ME AJUDA, ME AJUDA POR FAVOR!! EU NÃO SEI O QUE FAZER, ELA ESTA TREMENDO MUITO OLI. OLI O QUE EU FAÇO ?? – a mais velha rapidamente empurrou o corpo de uma Fernanda desesperada e completamente descontrolada. Puxando a morena para uma posição lateral, vendo o seu rosto pálido todo cheio de saliva, sangue escorreu lentamente do seu nariz enquanto a mais velha puxava um travesseiro, colocando abaixo da sua cabeça.
- pare de surtar. Pegue a minha caixa de remédios. – a voz de Olivia era autoritária e sem o mínimo de empatia. Ela era assim, desde de sempre, então não via motivos para ser diferente. Seus olhos voltaram ao corpo da morena que ainda se debatia, e engasgava com a própria saliva, pensou no que deveria fazer, em como deveria agir, e no que era apropriado. Obviamente seria uma idiotice abrir a boca dela e colocar seus próprios dedos ali. Ela poderia ter um espasmo e morder, ate mesmo arrancar um pedaço dependendo da força da garota.
Diferente dela que pensava com cautela, Fernanda correu pela sua casa, caindo quando pisou no tapete da sala duas vezes antes de retornar com a caixa de remédios.
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Nosso Maldito Fluxo - Romance Sáfico -
Teen FictionNos desencontros e encontros dessa vida, nunca achei que a minha teria todas as reviravoltas que teve. Ser expulsa de casa, entrar em uma gangue fora da lei, fazer amizades importantes que eu levaria para toda a vida, me vincular e amar tantas pesso...