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Ressalto que é uma história de ficção. Portanto, nada se aplica a realidade ou como interpreta sua religião.
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O inferno descrito nas santas escrituras era um lugar tenebroso e horripilante. Onde os pecadores tinham seus lugares meramente reservados. Bem... isso não era de toda mentira. Entretanto, diferentemente deste ambiente, sua comandante e rainha... era espetacular.

Sim, o diabo realmente existia. E não era "ele", quanto menos um carinha vermelho com chifres e cauda. O diabo era uma mulher. E ela era linda... mesmo que fosse um anjo caído.

Juntamente, caminhava pela terra a primogênita da mãe dos demônios. O início da perdição. A filha da concubina de satanás. Nascida de Lilith, sua mãe por fim a primeira esposa de Adão. Salva da aflição por um anjo caído, e por ela reconhecida como Madame Satan.

Dafne, filha de Lilith, analisava sua rainha lançar a moeda repetidas vezes para cima, que momento algum corria o risco de cair. O pequeno objeto moldado no fogo do inferno, flutuava em suas mãos enquanto girava em movimentos lentos. Todavia, aquilo lhe parecia extremamente tedioso.

-Dafne: Se está tão entediada, deveríamos retornar para casa... - sugeriu baixo, em respeito. - Poderá ficar entediada e sentada em seu trono.

Anitta a lançou um olhar dominador, reprovando sua fala instantaneamente. Seus olhos negros mostravam a Dafne sua completa ira, fazendo a garota engolir em seco.

-Dafne: Perdão. - disse paciente, convicta e sem dúvida.

-Anitta: Eu gostaria de assisti-la queimar no inferno, porém sua presença me guia. - a morena disse ainda em repreensão. - Me diga, o que faço? Dafne, o que a deixaria entretida? - questionou mais tranquila.

-Dafne: Bebidas novas? - questionou sem muito o que fazer... afinal Anitta tinha milênios em vida, já havia conhecido inúmeros lugares e assistido milhares de almas contorcerem-se no inferno.

-Anitta: Acho que já provei de todas. - respondeu calma. - Seja criativa, vamos lá... meu pequeno demônio. Você consegue.

-Dafne: Drogas, mulheres, homens? - questionou repetidamente enquanto a morena negava tudo. - O que acha de darmos uma volta pelas ruas de Los Angeles? Pode respirar um pouco e pensar melhor sobre estar em meio a estes mundanos imundos. Quem sabe assim retornemos para casa.

O inferno vinha entediando Anitta, e consequentemente seu ódio por estar lá em obrigação, a consumia. Confrontar seu pai era tudo que queria, mas subir aos céus e rasgá-lo como se fosse um fino lençol de seda, era tudo que não podia fazer. Excomungada a milênios, ainda carregava o rancor do julgamento, e consigo convivido em rebeldia.

-Anitta: É uma boa ideia. - o anjo caído guardou a moeda no bolso da bela calça de alfaiataria e então caminhou em direção ao elevador.

A boate qual era dona já não deixava-a tão entretida assim. Muito menos os homens e mulheres que cercavam exalando desejo por seu corpo atrativo.

-Dafne: Senhora, quer que eu dirija? - questionou o demônio, em completa gentileza.

-Anitta: Me chame por qualquer nome que quiser, tenho muitos, Dafne. - Lúcifer repudiou a fala. - E deixe-me fazer isso.

Dafne era seu braço direito, sua protegida. Mesmo que temesse Anitta de todas as formas, pois a rainha do inferno podia ser mau como um demônio em seu desejo pela tortura. A morena adentrou o belo carro que brilhava pelo polimento bem feito, realmente era um belo e luxuoso carro. O anjo caído realmente tinha bom gosto.

A filha de Lilith encarava sua rainha enquanto a mesma dirigia em velocidade pelas ruas de Los Angeles. O estereótipo e cômico posto sobre Lúcifer era mentiroso. Os traços assustadores e dilacerados não faziam parte da bela imagem e corpo escultural da infernal. Seu corpo humano era perfeito, tanto quanto o demoníaco. Ambos, não eram assustadores. Completamente bem feita, uma pele bronzeada, cabelos escuros, lisos e longos... dona de belos olhos castanhos e linha corporal extremante apaixonante, bem definida, posturada. Altura mediana, sempre bem vestida e com frases articuladas. Palavras sempre bem colocadas e uma dicção inigualável.

Seu olhar persuasivo não podia ler mentes, mesmo que soubesse os desejos humanos. Eles não conseguiam escondê-los dela, era como se queimassem em suas gargantas implorando para sair. Eles os contavam. Não conseguiam resistir...

Aquele rosto bonito convencia qualquer um.

A demoníaca era uma verdadeira sedutora. E como muitos diziam em mentira, ela não possuía cheiro de enxofre. Ao contrário, seu cheiro inebriante e exalante era muito mais que atrativo. Era marcante e inesquecível.

-Dafne: O que está fazendo Luci? - questionou o demônio assim que Anitta parou o carro. Chamando-a pelo apelido diabólico do verdadeiro nome.

Observou a morena analisar uma jovem mulher que caminhava em direção a um escritório de advocacia no outro lado da rua.

-Dafne: Não podemos chegar perto dos milagres de Deus. - a ruiva ressaltou assim que sua rainha desceu do carro, sem desviar o olhar da loira.

-Anitta: Está falando das vontades de Deus com o Diabo, isto me soa patético. Cale-se. - ordenou autoritária.

Ohana Lefundes era uma bela mulher, que vivenciou em família religiosa e frequentou a igreja desde seus poucos anos de idade. Recentemente advogada, e divorciada a poucas semanas. Seu marido foi seu primeiro namorado, daqueles que saíram da faculdade e se imaginaram tendo um futuro juntos. Entretanto os humanos eram fadados a errar, e este casamento não se passou de um erro. O que poucos sabiam era que Ivana, sua mãe, era infértil... mas Arielle, o arcanjo auxiliar de Deus desceu até a terra alguns anos atrás... concedendo a vida da bela mulher, como um presente dado pelo divino. Mal sabia ela que estava entregando-a para uma desgraça profunda, qual sua mãe vivenciaria um relacionamento abusivo e controlado, onde Ohana passasse a sofrer pressões impostas.

-Dafne: Está almejando fazer isto pra irritar seu pai? - questionou.

-Anitta: Não. - respondeu antes que o sinal fechasse e então pudessem atravessar a rua. Mas aquilo não era de toda verdade. 

A pureza de Ohana lhe atraia, mesmo que aquele cheiro a perturbasse. Lúcifer nunca ficava próxima de divindades angelicais, elas a irritavam e lhe traziam o desejo de prendê-las em jaulas enquanto assistia seus demônios divertirem-se. Lhe causavam entojo, traziam-lhe asquerosidade.

-Dafne: Não que eu duvide de você.. - mencionou a ruiva, afinal Anitta era irresistível. - Mas quer mesmo tentar isso? Ela não vai se derreter aos seus pés como os outros. Ohana é algo santo.

-Anitta: Então irei santifica-la ainda mais... - disse paciente, obstinada, enquanto seus olhos negros pareciam arder em desejo pela garota que aproximava-se cada vez mais do elevador. - Com minha língua no meio das suas pernas.

-Dafne: O Diabo realmente não possui escrúpulos algum. - mencionou baixo o demônio, ao seguir a mulher teimosa que se aproximava mais.

(...)

-Anitta: Obrigada. - agradeceu, após a loira impedir que a porta metálica se fechasse.

Ohana era solitária, desde a adolescência até hoje. Filha única, estudiosa, e o orgulho dos pais. Para ela tudo tinha seu determinado tempo, era ingênua demais, para uma alma tão persuasiva como a do Diabo. A mesma que possuía desejos impuros, qual Ohana nunca havia experimentado. Seu relacionamento havia acabado pela sua insegurança em ter a primeira relação sexual, isso a assustava, tinha vergonha. E Alex não entendia isso.

-Anitta: Quem é o CEO do prédio? - questionou paciente, para Dafne.

-Dafne: Bem.. eu não faço a mínima ideia. - respondeu a ruiva de olhos escuros, realmente confusa com a pergunta e desentendida da informação pedida.

-Ohana: Aston Martin. - respondeu a garota loira, com sua voz doce e angelical. - É o CEO e advogado principal do escritório Martin.

A rainha do inferno sorriu internamente, podia ouvir aquela voz em completa rendição. Era doce e divina como de um anjo, e mesmo que aquele tom angelical a irritasse... aquela voz feminina em específico parecia deixar a infernal completamente paciente.

As portas metálicas se abriram e Dafne por alguns segundos permaneceu estática. Questionando-se o motivo de Lúcifer estar tão obstinada, se poderia estar em um cassino em Vegas, rompendo com uma mesa de pôquer e levando pra casa centenas de dólares. Não que precisassem, já que a infernal possuía uma fortuna inigualável. Mas pelo desejo e sabor da vitória... ganhar, satisfazia a rainha.

Desejo Pecaminoso - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora