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Chegaram ao apartamento por volta das 18:15. Desceram do carro e digitalmente Ohana fez o pagamento da corrida, já que Larissa não tinha nada. Sem dinheiro em mãos, o que ela costumava ter na verdade.

-Anitta: Vou pedir algo pra gente comer. - informou assim que adentraram o elevador. 

-Ohana: Eu vou pra casa. - revelou em um tom baixo, sem muita euforia. - Já deixei você em casa, então já posso ir. Bem você fez isso por mim da última vez... senti a necessidade de fazer agora.

-Anitta: Fica. - pediu mansa, saindo da caixa metálica, recusando-se a subir sem a loira.

-Ohana: Lari... - tentou argumentar, sendo impedida rapidamente.

-Anitta: Por favor! - o Diabo estava mesmo pedindo um favor?  - Me deixa agradecer.

Ohana assentiu ainda meio duvidosa, e deixou se levar pelo pedido da infernal. Larissa as guiou até o apartamento, qual Ohana já conhecia bem. A morena pediu algo da culinária francesa após entrarem em acordo sobre o prato escolhido. Lúcifer demorou um pouco no banho, mas saiu a tempo da entrega. Pagou o entregador e em seguida retornou para a sala, onde a loira a aguardava.

-Anitta: Um agradecimento, ok? - mencionou mansa, sem todo aquele sarcasmo de outrora.

Ambas comeram em silêncio, sem mencionarem ao menos uma palavra. Aquele silêncio todo era ensurdecedor, porém, confortável. Depois de finalizar, os olhinhos castanhos da loira buscaram a atenção da morena ao seu lado.

-Anitta: Quanto o pagamento? - questionou abrindo a bolsa Gucci ao seu lado.

-Ohana: Não precisa... - recusou rapidamente. - Eu fiz por você, não pelo dinheiro.

-Anitta: Ohana, eu valorizo seu trabalho. Assim como suas boas intenções. - revelou paciente, segurando sua mão. - Vamos, me deixe fazer o certo.

-Ohana: Eu não quero. - recusou outra vez.

-Anitta: Ohana... - chamou repressiva com uma falsa feição de chateação. 

Ohana manteve-se silenciosa enquanto encarava-a. Deixou escapar um sorriso bobo que rapidamente tornou-se tímido, quando a mão gelada da morena repousou sobre sua coxa. O barulho da chuva repentina ecoou lá fora, fortificando-se cada vez mais e revelando que seria difícil retornar pra casa.

-Anitta: Agora temos dois problemas. - revelou baixo, após notar a chuva. - Você não quer aceitar o dinheiro, e eu não vou deixar você ir embora nessa chuva.

-Ohana: Não vou aceitar seu dinheiro. - respondeu em convicção.

-Anitta: Quanto te devo? - questionou em um tom sério, e Ohana sorriu imatura, não levando em conta de que argumentava com o Diabo. - Vamos... diga.

A morena tentava persuadi-la, em vão. Aquilo nunca dava certo.

Pobre Diabo... 

(...)

Ainda no início da noite, Larissa a levou pra casa em segurança, quando a chuva diminuiu sua intensidade. Como sempre, uma esquina antes e sem destaques. Ohana desceu do carro ao despedir-se com um "tchauzinho", e ousada, deixou um beijo no canto da boca da diabólica. A levando a sorrir malevolente.

A infernal esperou até que Ohana adentrasse sua casa, e certificou-se que de que estava tudo bem. Tinha uma audição impecável, e quando era necessário a usava.

-Arielle: Minha bela Lúcifer... - a voz angelical soou quando Larissa desceu do carro, ao sentir o frio emanar e o tempo entrar em lentidão.

-Anitta: Você... - soou em falha, ao virar-se para trás e observar o anjo. - O que faz aqui?

Os cabelos vermelhos e os olhos castanhos, seus traços eram tão belos que encantavam até a satânica. Arielle era de longe um dos anjos mais lindos do paraíso, e sua irmã sabia disso.

-Arielle: Distancie-se dela, Luci. - ela soou paciente, com sua voz doce em um pedido. - Retorne ao lugar que pertence, não haja com imaturidade pelo que passou. Já se fazem milênios. Eu sinto sua persuasão e má fé com ela.

-Anitta: Pra mim ainda parece ter sido ontem... - Lúcifer caminhou em passos curtos até a irmã.

-Arielle: Mas não foi... - respondeu em tranquilidade. - Deixe minha obra em paz, siga seu destino.

-Anitta: Já não consigo. - confessou com um olhar sincero. - Já não posso, sinto muito.

Arielle tocou-lhe o rosto com caridade, pena, compaixão. Pois sabia o que Lúcifer teria de enfrentar se continuasse a desrespeitar as leis dos reinos.

-Arielle: O inferno chama por você. - ela disse olhando-a com compaixão. - Ele está estremecendo enquanto agoniza por você. Eu posso vê-lo o dia todo... as chamas estão cada vez mais fracas, as alimente com sua presença.

Larissa olhou-a supresa, o inferno estava mesmo baixando a temperatura? Isso era impossível. Em milênios de idas e vindas, nunca aconteceu antes.

-Arielle: A moeda do reino infernal no seu bolso, te da livre passagem para a terra e as trevas. Se vierem buscar você a forças para levar para o inferno, será tomada de você e ficarás aprisionada para todo o sempre no lugar que mais odeia. - ela explicou-a, o que já sabia.

-Anitta: Não posso... - sentiu as mãos frias segurarem as suas.

-Arielle: É claro que pode, é sua casa. - soou angelical. - Papai ainda não está irritado, está apenas desapontado com suas atitudes. Não o provoque. Você já está aqui a quase uma semana, não foi o suficiente para descansar?

Larissa estava colocando os três reinos em colapso, desafiava as leis celestiais e acabava colocando os três lugares em conflito.

-Anitta: Passei duzentos anos no inferno desde minha última vinda a terra, mereço uma semana de férias? Arielle, você já foi mais gentil. - soou patética.

-Arielle: Dafne não segurará o governo infernal por muito tempo. - tocou-lhe a face em um carinho singelo. - Já está cansada demais para suportar. Esse trabalho pertence à você...

Seus lábios celestiais tocaram-lhe a testa em um beijo demorado. Os olhos castanhos fecharam-se e os demoníacos se abriram. Lúcifer a fitou com sutilidade antes de sussurrar que não realizaria o desejo dela.

-Anitta: Quanto tempo eu tenho? - sussurrou esperta, como sempre.

-Arielle: Dias... meros e curtos dias. - respondeu paciente com toda sua calmaria benevolente.

Lúcifer sorriu ladina, e respirou fundo. Inalando o cheiro angelical que tanto odiava, qual pertencia ao alguém tão cuidadoso que tocava sua face agora.

-Arielle: Sinto muito. - ela acariciou seu rosto por uma última vez. - Eu sinto muito...

Suas asas celestiais abriram-se e com um sorriso nobre nos lábios, Arielle sumiu do campo de visão da infernal. Essa era sua possível despedida, e Larissa sabia disso. Era difícil demais tê-la em presença, e quando isso acontecia... era porque de fato, algo estava prestes a acontecer.

-Anitta: Acho que esses dias serão o suficiente para que eu a faça amar aquele corpo. - referiu-se ao amor próprio e a baixa estima da garota, quando o tempo retornou ao normal e a ventania soprou fraca contra seu rosto.

-Melissa: Por que a quer fazer se amar? - questionou paciente ao aparecer em surpresa, repousando as mãos nos ombros da infernal. Massageando vagarosamente, antes de abraçar a Diaba por trás.

Melissa sempre estaria por perto á cuidando, gostasse Lúcifer ou não.

-Larissa: As vezes sinto que ela age como uma criança... porque nunca pode ter uma infância. - suas palavras foram curtas, duras e sinceras. O Diabo não mentia.

Desejo Pecaminoso - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora