25

634 71 17
                                    

Ivana tocou a face machucada da filha, que ainda estava posta a um sono profundo. Não por influência de medicamentos, mas por pura fraqueza. Tinha um soro conectado a entrada venosa, e um expressão dolorosa no rosto mesmo que dormisse.

"Ela vai ficar bem." - foi tudo que Ivana ouviu, tirando-a dos devaneios.

Observou a garota de cabelos escuros caminhar em direção a porta e fechá-la com calma. Outra vez seu olhar foi direcionado a Ohana, Ivana levou uma das mãos a cabeça na região qual ainda doía. E respirou fundo.

Foi inevitável as lágrimas rolarem por seu rosto de expressão sofrida. Olhar Ohana naquelas condições medicadas façam-lhe ainda mais sensação de culpa. Culpava-se por ter entrado naquele relacionamento, entretanto tudo parecia um mar de rosas quando Tomás a conquistou. Enganosamente. Porque depois da infância de Ohana, tudo começou a ir por água abaixo. Deixou de ser o homem bondoso, atencioso e carinhoso que era. Passou a ser um monstro, um agressor sem escrúpulos algum.

E culpava-se por chegar a esse ponto.

Aquela história do "vou mudar" não durou por muito tempo, logo Ivana já não teve nem como fugir. Presa a pressão, as ameaças e a criação da filha. Não podia simplesmente sair de casa, as coisas não funcionavam assim.

-Ivana: Espero que acorde logo. - sussurrou tendo a mão entrelaçada a da filha.

Ohana tinha batimentos estáveis, estava momentaneamente bem. Havia ingerido morfina demais, para a dor corporal exacerbada, devido os machucados extremos pela agressão. Ivana havia por fim recebido apoio sufocante para registar um B.O, contra o pai da sua filha. E finalmente, estava livre... só não sabia pra onde ir quando tudo aquilo acabasse.

Pra onde iriam? Já que pra casa não retornariam.

(...)

Dois dias em sono foi tudo que durou, para que aos poucos Ohana esboçasse movimentos espontâneos. Abriu os olhos e viu tudo turvo, as luzes a incomodavam e seu corpo doía.

-Ivana: Filha? - chamou baixinho, tocando-lhe a mão.

-Ohana: Mãe... - respondeu baixinho, em um chamado doloroso.

Seus cabelos loiros e levemente bagunçados eram jogados ao travesseiro branquinho do hospital particular. Qual Ivana lamuriava internamente questionando-se como pagariam os custos que certamente seriam altos.

-Ohana: Onde ela está? - questionou baixo.

-Ivana: Quem? - questionou confusa.

-Ohana: Larissa. - vociferou em um sussurro, e sentiu-se tão vazia naquele momento. - Pode ligar pra ela? Ela estava desesperada.

-Ivana: Do que está falando, Ohana? - questionou ainda mais confusa. - Está tudo bem? Você está com febre?

-Ohana: Ela... - soou em uma balbúrdia. - Eu estava nos braços dela, e tudo escureceu. A moça de cabelos escuros, mãe... a da igreja, lembra?

-Ivana: Bem... não sei onde ela está. Mas não veio para cá nos braços dela, a ambulância quem te trouxe. - soou paciente. - Foi uma mulher de cabelos vermelhos e cacheados, pele negra e olhar atencioso.

Era a agora então infernal, mas Ohana não a conhecia.

Engoliu em seco ao ouvir aquilo. Estava confusa, e... já não sabia o que era de fato alucinação ou realidade. Um médico adentrou a sala, e realizou alguns procedimentos rotineiros, constando que Ohana tinha melhorado significativamente a fratura tida na costela esquerda. E o braço quebrado, vinha melhorando exacerbadamente. Logo estaria bem.

Desejo Pecaminoso - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora