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O ódio de Lúcifer era tanto, que seus olhos negros esboçavam o vermelho sangue. Ainda ajoelhada ao chão, se segurava firme no trono já distante dos braços de Melissa. Tentava erguer-se sem forças, seu emocional a abalava tanto.

Se sentia fraca pela primeira vez em vida.

Tocou os próprios lábios com a ponta da língua e os sentiu gélidos. Eram pálidos e trêmulos em meio às lágrimas silenciosas. Respirou fundo, e levantou-se. Os demônios em prontidão se ajoelharam diante da rainha do inferno, qual encontrava-se dilacerada interiormente.

Seus machucados da luta celestial não a importavam tanto.

Sua memória era atacada covardemente pelas lembranças vividas na terra. Os olhos castanhos a atordoava, o sorriso branco e sincero a enlouquecia. Os gemidos ecoavam vívidos em sua cabeça, os arranhões ainda podiam ser sentidos em suas costas.

-Dafne: Vai ficar bem... - pode ouvir o sussurrar quando inclinou a cabeça, encarando  o teto satânico e bem detalhado.

-Anitta: Isso é tudo que não vai acontecer. - sussurrou em resposta, ainda de costas para os demônios.

Sentiu as lágrimas sinceras queimarem sua pele, enquanto sentia o ar faltar outra vez. Aquele rosto angelical parecia tão próximo ao seu, ainda podia ouvir o suspirar pesados. Ainda podia sentir os cabelos loiros tocarem seu rosto enquanto a jovem advogada estava deitada em seu peito, ainda podia ouvi-la que gostava da sua presença.

-Dafne: Luci... - chamou paciente.

-Anitta: CALE-SE! - ordenou autoritária.

Dafne fechou os olhos intensamente quando ouviu o arremessar do objeto infernal lado do trono em direção a parede logo atrás. Sentiu o chão tremer abaixo de si, enquanto Lúcifer ainda permanecia silenciosa e emanava sua melancolia poderosa. Engoliu em seco quando ouviu os passos gélidos e vagarosos em direção ao corredor não tão distante. Qual dava acesso ao mais interno do castelo.

Anitta estava resguardando-se.

(...)

Dafne correu em direção ao interior do castelo, dando pouca importância ao mandado de Lúcifer. Podia sentir seu interior praguejar em proteção.

-Dafne: Lúcifer! Abre a porta! - pediu, batendo firme no material infernal, qual era firme demais para seus poderes.

Silêncio. Era tudo que ouvia.

-Melissa: Lúcifer! - chamou em súplica. 

Puderam sentir o abalar das entranhas infernais, desde as profundezas mais pecaminosas. Cravaram as unhas na porta cheia de detalhamento, ao arrepiar corporal e o ouvir do grito tão sofrido através dela. Chamaram pelo nome do anjo caído outra vez, batendo desesperadamente na porta.

Em um estalar de dedos dado por Lúcifer, a porta abriu. Dafne sentou-se ao chão, ao ver a morena encostada na cama, sentada também ao chão. Tinha o rosto escondido enquanto abraçava as próprias pernas. Melissa sentou-se ao lado direito, no espaço vago.

-Melissa: Vamos cuidar de você. - sussurrou levando uma das mãos gélidas até as costas de Lúcifer.

-Anitta: Eu quero ela. - sussurrou em convicção. - Não vocês, não qualquer outro alguém. Somente ela.

Lúcifer nunca mentia.

Melissa engoliu em seco com a confissão, e abraçou Lúcifer que parecia tão insegura, frágil. Dafne confortou-se também no abraço, enquanto ouvia o chorar doloroso vindo do anjo caído.

Desejo Pecaminoso - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora