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(Tem uma música acima. Optativo usar ou não).
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Poderia soar patético dizer que o diabo estava na igreja ás 7:30 da manhã, pouco antes do culto. Uma mensagem da loira durante a madrugada foi o suficiente para que a malevolência da infernal viesse a tona.

Tomás que permanecia sobre o altar, enquanto foliava algumas páginas da Bíblia, ainda de pé... foi surpreendido pelas portas abertas com ligeireza e o scarpin Versace preto tocando o chão, deixando ecoar a chegada de satanás.

Visualizou o corpo escultural caminhar em sua direção e a fúria em seus olhos completamente negros o assustar, em seguida a voz autoritária soar como posse. Fazendo o pequeno lugar estremecer. A infernal estava à beira da destruição...

-Anitta: Humanos mesquinhos... - sussurrou antes de sorrir perversa.

Tomás não teve tempo nem mesmo de correr para longe ou recuar dos passos intimidantes da demoníaca. Foi necessário apenas um movimento realizado com destreza, feito com as mãos... para que as vidraças da capela se estourassem e estilhaços voassem em direção ao centro.

-Tomás: Quem é você?! - questionou assustado, ao elevar as mãos a cabeça, protegendo-a dos estilhaços.

Suas mãos foram movimentadas outra vez, e as portas da capela se fecharam, ecoando um barulho amedrontador assim que travaram-se. A morena aproximou-se do homem encolhido ao chão, escondido sob a mesa central, o pegando pelo colarinho e o encurralando contra seu corpo e a parede.

-Tomás: Que Deus te perdoe... - o homem soou com toda sua heresia.

-Anitta: Eu vou incendiar você e o Deus imaginário que criou na sua cabeça! - Revelou com sua voz demoníaca, ao jogá-lo no chão outra vez.

O homem rastejava-se em puro medo, enquanto era encarado por satanás, que estava furiosa.

-Anitta: Não tente correr... - A infernal comunicou sorrindo, paciente. Tomada por obstinação. - Seu Deus não irá te salvar hoje.

O homem mantinha-se a rezar. Mas Lúcifer sabia que aquilo não funcionaria. Seu pai poderia não ter sido bom para ela, como queria que fosse, mas não era caracterizado por violência e opressão. Aquela imagem que Tomás havia criado, não era seu pai, não remetia Deus.

-Anitta: EU SOU SUA RAINHA, AJOELHE-SE! - soou esnobe, com um sorriso soberano nos lábios. Ela divertia-se com aquilo.

O homem tentou erguer-se, mas a gravidade parecia não deixá-lo fazer isso... era como se a mulher a sua frente pudesse controlá-la, o empurrando consequentemente para baixo. E então ele ficou de joelhos, mesmo que contra sua vontade. Aqueles olhos vermelhos como sangue o encararam tomados por raiva, fúria e poder.

-Anitta: Você pertence à mim, Tomás! E fará o que eu mandar, porque és meu súdito!

Tudo tremia, o poder que corria em suas veias era destruidor e assustador. Lúcifer podia incendiar aquele lugar em um estalar de dedos, ocasionado pelo descontrole, mas Tomás não sabia disso.

-Tomás: Por que está fazendo isso? - questionou desentendido.

-Anitta: Você não tem sido um bom pai, Tomás. Sabe disso.

-Tomás: Eu estou apenas educando minha filha! Para que percorra o caminho certo! - o homem explicou-se amedrontado, enquanto as mãos gélidas do demônio o seguravam pelo colarinho. Ele sabia bem o que havia feito.

-Anitta: A sua filha sai escondida por medo da sua fúria! - rebateu satanás.

-Tomás: Eu não vejo como... - foi interrompido.

-Anitta: VOCÊ NÃO VÊ O QUE?! - questionou irritada, retirando os óculos do rosto do homem, o quebrando com apenas um aperto e o lançando ao chão. - Coloque-os no seu rosto ou farei o mesmo com os seus olhos!

-Tomás: Eu não vejo o que posso estar fazendo de errado. Estou educando-a! É minha filha, e eu tenho direito! - ele rebateu, tentando erguer-se contra satanás. - Santo Deus! - chamou.

-Anitta: Eu não tenho medo das suas rezas, ou suas cruzes! - revelou segurando-o ainda mais forte, fazendo-o chegar mais perto. - Se eu ver algum machucado, no corpo dela outra vez. Vou afoga-lo no próprio sangue, enquanto este grupo de hereges presenciam.

A demoníaca o soltou, elevando-se outra vez. Organizou o blazer e caminhou em direção a saída, como se nada houvesse acontecido outrora. Suspirou pesado e então caminhou sobre o gramado verdinho... deixando para trás o homem sentado ao chão, em posição intimidada.

Entretanto sua mente trabalhava exaustiva, questionando-se o que havia feito. O diabo nunca intervia nas ações humanas, enquanto eles ainda estivessem na terra.

Lúcifer não percebia, mas a cada dia que passava afundava-se naquele abismo sem fim. Dava brecha para o ser de cabelos loiros e olhos castanhos... estava tornando-se vulnerável.

(...)

-Dafne: Sua paciência me contagia. - mencionou com um sorriso falso, assim que Larissa adentrou o salão e caminhou em direção as escadas com uma expressão nada agradável. - Vem, senta aqui...

A morena respirou fundo e então caminhou até o balcão. Dafne lhe serviu uma bebida que rapidamente foi ingerida. Lúcifer pode sentir sua garganta queimar pelo teor alcoólico exacerbado.

-Dafne: Eu senti seus poderes esta manhã. - comentou paciente, tentando não deixar Larissa mais irritada do que já estava.

-Anitta: Foi necessário. - explicou baixinho, mansa.

Dafne tocou seu rosto, efetuando um carinho lento. Enquanto olhava profundamente nos olhos castanhos que buscavam nela um pouco de tranquilidade.

-Dafne: Deveria ter sido resolvido nas leis humanas. - relatou baixo, no mesmo tom de voz. - Não pode nos expor assim... os humanos entrariam em colapso.

-Anitta: Bem-vinda a merda da realidade, Mazikeen. - a chamou pelo nome demoníaco. - Quando uma mulher denúncia um homem, é sua palavra contra a dele. O mais provável, é que não acreditem nela.

Dafne contornou o balcão e pôs de frente a rainha, ainda mesmo que ela estivesse sentada. Segurou seu rosto entre as mãos e viu Lúcifer fechar os olhos, enquanto respirava fundo. Dafne tinha de voltar ao inferno por alguns dias, colocá-lo em calmaria enquanto Larissa recusava-se a retornar.

-Dafne: Enfrentou os desejos mundanos e perdeu. - disse em um sussurro.

-Anitta: Eu também perdi você... - comentou em um balburdio, antes de levantar-se. Lamentando a volta de Dafne para o inferno.

-Dafne: Você sempre me terá.- revelou o demônio, assim que seus olhos marejaram.

Larissa pode apenas deixar um beijo demorado em sua testa, e tocar sua pele por meros e curtos segundos. Antes que o corpo monumental de Maze, desaparecesse. E tudo que olhasse agora, fosse para o espaço vago e vazio em sua boate.

Caminhou em passos vagarosos até sua suíte, abriu uma garrafa de whisky e enquanto levava aos lábios, guiava-se até a varanda. Olhou para os céus e sorriu vitoriosa...

Devassa e provocadora, Lúcifer era pecaminosa.

-Larissa: Eu vou tirar tudo de você... Começando por ela. - sorriu em desprezo, tendo os olhos negros direcionados ao céu. - Como fez comigo.

Desejo Pecaminoso - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora