53

571 55 12
                                    

Inquietação, o pecado encarnado tinha completa inquietação. Lúcifer era tomada pela indomável necessidade de ter controle sobre tudo, mas mal podia controlar os próprios sentimentos. O olhar da sua mãe expressava muito, mas o cerne desesperado do Diabo, não se dava a oportunidade de ouvi-la.

-Nix: Eu sinto muito, Lúcifer. - mencionou em tom baixo, singelo. - Mas não posso.

-Anitta: É... eu percebi quando me olhou ao adentrar esse ambiente. - ela comentou notoriamente frustrada. - Seja lá o que tenha acontecido, por favor não me conte.

-Nix: Lúcifer...

-Anitta: Eu quero ouvir dela, entende? - questionou-lhe.

-Nix: Eu entendo. 

O assentir milimétrico de Nix revelava piedade. Lúcifer ergueu-se do trono, abandonando-o temporariamente. Seus passos acelerados pelo castelo podiam ser ouvidos a cada ambiente que passava. Em meio aos corredores escuros, completamente detalhados em mármore, deixava o soar do pisar ecoar, a irritação tomar conta, e a frustração... tornar-se maior.

(...)

O adentrar no quarto de Ohana foi sutil, mas o surpreender causado na garota, um pouco assustador. Manteve-se silenciosa, enquanto encostada na porta. Ohana fitou-a com confusão, estando sentada na cama em meio a madrugada chuvosa. Ascendeu as luzes e continuou a encarar o Diabo, que de longe, exalava má expressão.

-Ohana: Lari... são três da madrugada. - disse baixinho.

-Anitta: Não é a primeira vez que faço isso. - disse-lhe em tom amargo. - Acho que já pode concretizar que sou imprevisível.

-Ohana: Está... - soou confusa. - Pode falar direito comigo? Não gosto desse tom. - Lúcifer manteve-se calada. - Está tentando me punir?

Lúcifer permaneceu calada, e foi ali que Ohana entendeu do que se tratava. Tenha Nix dito ou não, sabia que uma hora aquilo chegaria aos ouvidos do Diabo e temia por sua reação.

-Ohana: Olha... eu não posso me desculpar.

-Anitta: Eu nem pedi por isso. - soou sincera, de fato não queria um pedido de desculpas. - Você pode fazer o que quiser, Ohana. Eu não me importo.

Ohana ergueu-se da cama em impulsão, caminhou até ela, ficando centímetros de distância. Respeitando seu espaço.

-Ohana: Está magoada. - sorriu frustrada. - Está magoada e está reagindo... você não é assim, Larissa.

-Anitta: Claro que sou. - sorriu fraco, perversa. - Você só nunca me viu assim.

Ohana engoliu em seco, Lúcifer poderia ser tão orgulhosa assim?

-Anitta: Não sabe como eu sou, quando me decepcionam. - aquilo soou gélido.

-Ohana: Eu não quero decepcionar você, será que podemos conversar e resolver isso da forma certa?

-Anitta: Eu sempre me disponibilizei a isso. - deu um passo à frente. - Por que mentiu pra mim?

-Ohana: Eu não menti. - foi sincera. - Eu só fiquei pensativa depois da conversa que tivemos e acabei ficando confusa, e ainda estou duvidosa dessa decisão. Ok? Não é normal pra mim, não é normal para ninguém! Não dá, entende? Não posso acordar em um belo dia e decidir que quero viver pra sempre! Por mais que uma parte de mim queira muito.

Lúcifer entendia seu ponto, respeitava sua decisão. Mas não aceitava ser ludibriada de tal maneira. Desde o início havia dado abertura para que Ohana fosse sincera, não conseguia entender toda aquela insegurança.

Desejo Pecaminoso - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora