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Larissa sentou-se no trono outra vez, no quarto dia, após retornar ao lugar onde verdadeiramente pertencia. Respirou fundo e fechou os olhos por curtos segundos. Sentia todo seu interior revirar, sua mente trabalhar em exaustão e todo seu corpo tenso.

-Arielle: Só se fazem quatro dias, e você já está aí... cheia de exaustão. - sorriu fraco.

Lúcifer abriu os olhos e fitou os cabelos vermelhos como sangue, a pele negra, o corpo esbelto. Sua irmã roubava-lhe toda atenção agora, e era digna dela.

-Arielle: Deveria ver a mamãe. - soou sugestiva. - Sabes que ela tem a solução do seu problema.

-Anitta: E se ela não der a solução a mim? - questionou objetiva.

-Arielle: Então terá de achar outra forma. Só.. não perca seu tempo aqui, sendo pessimista enquanto sentada neste trono. - Apoiou-a, ficando a sua frente.

Arielle buscou as mãos pálidas e gélidas do Diabo, entrelaçando-as com as suas. Encarou os lumes bordô com seriedade, podia ver as íris vermelhas completamente atordoadas.

-Arielle: Chame-a e ela virá. - sussurrou com calmaria.

Lúcifer fechou os olhos outra vez, após Arielle afastar-se em passos vagarosos, subindo as enormes escadarias do castelo infernal, sendo perdida de vista pelo anjo caído. Seus pensamentos foram em busca dos olhos negros de Nix, nos cabelos ruivos em tom de fogo, na pele pálida, gélida e macia. Em um pesar de tempo, e brisa quente, surgiu em passos lentos a figura qual Lúcifer chamava em tanta súplica.

-Nix: Viu? Basta chamar... e eu virei, minha criação. - ela sorriu carinhosa, caminhando até o trono.

Nix subiu os degraus e ficou a milímetros de Lúcifer, tocou-lhe a face e sorriu fraco.

-Nix: Não deveria colocá-la num altar, humanos costumam ser meio desonestos. Prometem amor eterno, mas no fundo... não prestam.

-Anitta: Eu confio nela.

-Nix: Mas não deveria. Não posso realizar seu desejo, minha filha. Este lugar nunca lhe coube, portanto não a cabe. - mencionou explicativa em impulsividade.

Lúcifer desvencilhou-se do toque de maneira brusca, seus olhos bordô foram tomados pela completa escuridão. Carregava irritação em seus lumes, e agora, em postura ereta, estando tão próxima da mãe.

-Anitta: Este lugar nunca me coube?! EU O TORNEI NOSSO LAR. - seu tom profano e completamente desregulado revelou sua fúria.

-Nix: Desculpe-me, Lúcifer. De fato expressei-me errado. - ela soou em calmaria. - Agora acalmasse-se, ou colocará este lugar em chamas. E eu não estou disposta a queimar junto a você mesmo que sejamos imortais.

Lúcifer encarava-a ainda cheia de ira, não suportava ser colocada em segundo plano, como alguém sem autoridade. Mesmo que estivesse diante de Nix. Ninguém a subestimaria ou a tornaria menor. Recuou bruscamente quando as mãos gélidas da deusa tentaram tocar-lhe nos ombros.

-Nix: Ficarás como uma criança mimada ao não receber o que quer? - questionou assim que a infernal desceu os degraus, dando as costas a mãe.

-Anitta: Está insultando-me no meu próprio reino. Não quero discutir com você, portanto, estou me retirando.

-Nix: Lúcifer! Não seja infantil. - ela chamou com falsa chateação. - Vamos... essa humana morrerá em breve, este desejo passará e logo ela cairá no esquecimento. Você nunca foi capaz de amar, isso deve ser apenas... algo bobo.

-Anitta: Algo bobo? - a voz baixa e tranquila soou, ecoando por todo grande espaço que agora estavam.

Lúcifer ficou estática em meio ao tapete vermelho que levava em direção a saída do castelo, contrariamente ao que planejava, virou-se de frente para a mãe outra vez. Estando a metros de distância.

Desejo Pecaminoso - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora