Lidar com sentimentos já era extremamente difícil, tornava-se ainda mais complicado se disponibilizar para Ohana. Afinal, Lúcifer não tinha costume com nada disso. Mas aprenderia, lindando com o acúmulo que a loira carregava. Lúcifer permaneceu sentada na poltrona do quarto da garota. Em meio a escuridão, encarava-a deitada na cama, qual já dormia a algumas horas. Satanás já não podia ficar ali por muito tempo, afinal, o inferno ainda necessitava dela por mais algumas horas. Respirou fundo e acomodou-se melhor no estofado, sua mente estava a milhão.
(...)
Retirou a moeda pentecostal do bolso, após alguns longos minutos ali. Sorriu frustrada quando notou que a mesma, já flutuava com um pouco mais de lentidão, tanto quanto chegava a queimar intensamente sua pele. Mesmo que não a rasurasse.
Lúcifer caminhou até a cama, onde sentou-se ao lado da loira e tocou-lhe os fios dourados com demasiada calmaria.
Em sua face, pois-se a mostrar um sorriso orgulhoso e carinhoso, a medida em que os dedos gélidos afastavam alguns fios do rosto da garota. Ohana franziu em meio ao sono, aqueles toques a arrepiavam mesmo que estivesse insconsciente.
-Anitta: Talvez você nunca possa ver o que eu vejo em você... - sussurrava com demasiado carinho, com a voz rouca que apaixonava qualquer um. - Todas as pequenas e grandes coisas que odeia em si mesma, são as mesmas coisas que tornaram-me ainda mais apaixonada por você.
Lúcifer sorriu em meio ao carinho que realizava. Aproximou-se ao inclinar, deixando um selar demorado na bochecha levemente ruborizada. Ohana respirou fundo em meio ao sono, ela de fato dormia tranquilamente. Sempre entrava em sono profundo, por sentir-se extremamente segura na presença do Diabo.
-Anitta: Para mim você não tem defeitos.
Aqueles foram os últimos ditos antes que o
Diabo retornasse ao inferno, acomodando-se no trono que a pertencia.Por outro lado, ao amanhecer e o retornar da rotina consigo, Ohana sentia-se demasiadamente leve. Ter dito a Lúcifer tudo que estava acumulado a bastante tempo, foi como livrar-se de um peso em suas costas. Conseguiu até meditar, sem desconcentrar-se a cada dois minutos. Compartilhou de uma café da manhã com sua mãe e então a levou ao trabalho, antes de ir para o seu escritório e prender-se a todo o atarefado que tinha.
Vinha tendo dias bem rotineiros desde o retorno de Larissa, e agora retomava isso, após ela também ir embora. Afinal, ainda não era hora de permanecer por mais tempo. Talvez ela viesse... no meio da madrugada como de costume.
Confortou-se melhor na poltrona do próprio escritório, fechou os olhos e suspirou pesado. Por que aquela mulher não saia da sua mente? Larissa estava lá, a cada curto e mero pensamento. Era sempre ela. Estava ali... rondando sua memória, seus sentimentos, todo seu cerne que implorava pela presença da mesma.
Mas foi tirada deste foco, quando o entrar de Beatriz roubou-lhe toda atenção. A garota de cabelos medianos e castanhos, pele límpida, olhar atrativo e postura desconcentrada, mostrava que queria sua ajuda. Ohana havia se disponibilizado para ajudá-la, afinal, a garota estava ainda em preparação para ser aprovada como contratada, pelo escritório. E Ohana, seria responsável pelo treinamento dela.
-Beatriz: Não consigo.
-Ohana: O que você não consegue? - questionou-a com tom tedioso. De fato, estava.
-Beatriz: Não consigo fazer nada disso! - disse frustrada, não incomodava-se em revelar isso para sua superior.
-Ohana: Esse simulado é para descobrir que tipo de advogado você quer ser. - deu ênfase no "você". - E só existem dois tipos de advogados: Vencedores e perdedores. - ela ergueu-se, pondo-se a caminhar em direção a garota.
-Beatriz: Isso é ótimo, Ohana. Mas eu não me preparei, eu não tenho ninguém para ser meu cliente ou testemunha. E aparentemente vou contra alguém em que não confio. - ela dizia em desespero notável. Paloma era de fato, alguém duvidável, ainda mais se tendo a presença de Mariana.
-Ohana: Dê o seu jeito de derrotá-la. Advogados sempre terão um adversário e alguém em que não confiam perante um tribunal. - disse-lhe gélida. - Vencedores não arrumam desculpas... enquanto o outro lado joga.
-Beatriz: Estou nervosa... - ela disse medianamente ingênua.
-Ohana: Se começar em desvantagem, nunca vai chegar na frente. - disse-lhe paciente. E Beatriz engoliu em seco.
A garota respirou fundo, e suspirou pesado. O falar regulado e os conselhos de Ohana, levavam-a a se sentir mais segura, estável. Agradecia por ter escolhido a advogada certa.
-Ohana: A vida... é assim. - ela ergueu a mão, deixando-a reta com a palma para baixo. Na altura, do ombro. - Eu gosto dela assim. - ergueu-a até a altura da própria cabeça.
(...)
O retornar para casa foi demorado, o trânsito estava intenso. Além de chegar um pouco tarde, teve de lidar com algumas encomendas de sua mãe, quais ainda estavam na portaria por algum motivo. Subir e ler o recadinho deixado em uma folha de papel, sobre o balcão, a fez suspirar frustrada. Mais uma vez, Ivana ficaria na casa de Sidney.
-Ohana: Ela abandonou a gente... - mencionou baixinho, para o cachorro que deitado no sofá, fitava-a como se também estivesse frustrado.
Nino latiu e Ohana sorriu, parecia que ele podia entendê-la.
Começou a retirar as roupas na sala mesmo, o blaser, os saltos... logo foi em direção ao próprio quarto, e deparou-se com algo atípico. Lúcifer estava deitada em sua cama, tinha as pernas cruzadas e o corpo levemente inclinado devido as costas apoiadas nos travesseiros. Em mãos, tinha o livro atual qual Ohana dava continuidade. Em sua face, parecia que nada havia acontecido no dia anterior, e Ohana agradeceu internamente por isso... mas, o ecoar de sua voz foi confuso.
-Ohana: O que... - foi interrompida.
-Anitta: Esse é bem mais legal. - disse paciente. Não bagunçava nada, pois mantinha o marcador onde deixado pela loira.
-Ohana: O que você está fazendo aqui? - questionou com um sorriso.
-Anitta: Ah... quer que eu vá embora? - ela questionou notoriamente frustrada, e sua expressão antes feliz dissipou.
-Ohana: Não, amor! Nada disso! - sorriu fraco, pondo-se para dentro do quarto, colocando-se a fechar a porta atrás de si. - Eu só achei que viria pela madrugada.
-Anitta: Posso ir embora e voltar na madrugada se quiser. - sorriu fraco, sentando-se.
-Ohana: Claro que não!
A loira caminhou até a namorada, pondo-se a sentar-se no colo dela. Levou as mãos a nuca, e os lábios a juntarem-se, em um selinho demorado e apaixonado.
-Ohana: Senti sua falta. - sussurrou baixinho. - E... sobre a nossa quase discursão ontem por causa das minhas inseguranças, desculpa.
-Anitta: Está tudo bem. - sorriu fraco. - Hum? Pensamos em algo, concordamos e você mudou de ideia. Acontece, não é? É humano...
Ohana sentiu-se ainda mais aliviada.
-Anitta: Você é insegura em alguns quesitos e eu sempre soube isso. Não estou brava, nem frustrada ou qualquer outra coisa que sua cabecinha pensativa possa vir a supor. - tranquilizou-a. - Eu não sou muito boa com sentimentos... você sabe. Mas, prometo que vou me esforçar. Ok?
-Ohana: Não precisa.
-Anitta: Eu quero. - disse baixinho.
Lúcifer selou um outro beijo, e sorriu quando teve a nuca levemente acariciada.
-Anitta: Eu te amo. - disse-lhe com calmaria. - Como nunca amei outro alguém... - tocou-lhe os fios dourados, os levando para trás da orelha. - E quero fazer isso dar ainda mais certo. Custe o que custar.
-Ohana: Eu também te amo, Lari. - sorriu, escondendo o rosto na curva do pescoço se Lúcifer. Descansando a mão livre em seu ombro. - Eu te amo muito.
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Desejo Pecaminoso - Ohanitta
Fiksi PenggemarO inferno tem se tornado entediante, mas a vinda do Diabo para a terra em busca de entretenimento, lhe trará problemas. O que há de esperar?