CAPÍTULO 1.

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4 MESES ATRÁS: 
ALESSIA.

          Seus olhos cinzas eram uma imensidão fria, um homem que guardava bem suas emoções, ou que não tinha nenhuma. Um arrepio correu por minha espinha quando me aproximei dele, Thomaz ao meu lado esquerdo e papai ao meu lado direito. Alessa não tinha sido autorizada a estar conosco no escritório de papai, mas Carina estava. Imaginei que não era o habitual, mas Thomaz não podia fazer nada para controlar minha irmã, não quando ele a amava demais para a repreender por querer proteger a irmã. 

Nico Parisi era a personificação da beleza. Seus olhos claros, cabelos loiros, pele pálida e corpo atletico era o padrão perfeito para a sociedade, no entanto, suas semelhanças com o modelo perfeito acabavam no rosto. Seu braço direito era fechado por tatuagens, numa confusão de imagens. Até suas mãos eram tatuadas, mas o que mais chamava a atenção era a rosa vermelha pingando sangue tatuada no dorso de sua mão esquerda, o símbolo da Camorra. O símbolo de sua crueldade. A boca dele se retorceu sob meu escrutinio, mas ele era meu futuro marido, eu tinha o direito de olhar, mesmo que ele achasse isso divertido — ou não. Lábios cheios, nariz afinalado, rosto perfeito. Como um monstro poderia ser tão bonito? 

— Alessia, esse é Nico Parisi. — Thomaz disse numa sua habitual voz firme e desinteressada. Eu sabia que ele estava incomodado, dois alfas em uma sala, mas sua linguagem corporal apresentava calma, nenhum desconforto. Nico se portava da mesma forma, mas havia um brilho de diversão em seus olhos alvacentos. 

Mantive minha expressão livre de emoções quando Nico se aproximou de mim e segurou minha mão, levando-a até os lábios para um beijo casto. Seus dedos tatuados, CAOS, uma letra em cada dedo, contrastavam com minha pele limpa. 

— Alessia Vacchiano, é um prazer. — Nico disse firmemente. Sua voz era fria, inospita, um tom grave. 

— O prazer é todo meu. — Sussurrei e por um milagre minha voz não falhou. 

Não me permitiria mostrar fraqueza frente a ele, não sangraria num tanque de tubarões. 

— Devemos discutir os termos do nosso acordo. — Papai interferiu, lançando um olhar de raiva para nossas mãos unidas. Com sutileza, puxei minha mão para longe. 

— Sim. — Thomaz concordou. — Carina, leve Alessia de volta para a festa. 

Minha irmã se agitou, passando a mão por seu cabelo vermelho, e abriu a boca para protestar, mas somente com um olhar de Thomaz ela decidiu pelo contrário. A contragosto, Carina estendeu a mão em minha direção e eu aceitei aliviada. 

— Bom, pelo menos ele não é um velho. — Minha irmã susssurrou quando chegamos no corredor. 

— Preciso de um segundo sozinha. Te encontro na festa? — Pedi a Carina, que assentiu tristonha antes de voltar a sala. 

Assim que minha irmã sumiu da minha visão, me enfiei na biblioteca e colei a orelha contra a porta adjacente que dava ao escritório de papai, meu coração acelerou com o medo de ser pega. 

— É uma bela menina. — A voz grave de Nico falou. — Dezoito anos hoje, hum? 

— Ela já é uma mulher. — Thomaz disse com um tom de irritação na voz. Meu cunhado não estava satisfeito com meu casamento com Nico, mas precisava da aliança. 

— A mesma idade que sua esposa tinha quando se casou com você, não é? — Nico perguntou casualmente. Eu quase podia ver Thomaz se retesar. — Conte-me, Thomaz, garotas tão novas são diversão ou dor de cabeça? 

— Cuidado. — Thomaz advertiu, quase com um rosnado. 

— O quê? É normal que eu me preocupe, já não sou mais um adolescente, Rizzi. — Não, não era. Nico tinha recém completado vinte e quatro anos. O Capo mais jovem de toda a história da Camorra.

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora