CAPÍTULO 27.

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ALESSIA.



Nico me olhou desconfiado, o maxilar tenso. Me arrepiei ao ver sua expressão, a cautela em seus olhos. 

— O que é? — Sua voz estava dura, mas eu capitei um indício de preocupação. 

— Bom, nós nunca conversamos sobre isso, mas agora que estamos transando com frequência… — Respirei fundo. — Estou tomando anticoncepcional desde que nos casamos. 

Nico olhou em minha direção por um longo momento, parecia não estar entendendo o que eu tinha dito. Por um momento, pensei que a briga viria, mas ele simplesmente caiu na gargalhada.  Simplesmente riu tanto que estremeceu em meio as risadas altas. Foi a minha vez de não entender nada. 

— Nico? 

— Caralho, garota. Você vai me matar. Eu pensei que você diria que estava fodendo com outro, que estava vendendo informações da Camorra, que tinha roubado minhas contas e você me diz que está tomando pílula? — Nico estava sem fôlego pela risada alta. 

— Você pensou que eu te trairia dessa forma? — Se eu não tivesse com tanto medo do mar teria me afastado dele. Nico passou seus braços ao redor do meu corpo e me apertou. 

— Querida. — Nico beijou meu rosto. — Sou naturalmente desconfiado e quando você diz que precisa me confessar algo, meu cérebro já pensa que algo péssimo aconteceu, porque eu sou desconfiado de tudo, até de você, até do meu irmão. 

Suspirei. Será que um dia Nico confiaria em mim plenamente? Será que algum dia seu primeiro instinto não será pensar o pior? 

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Era o último dia de nosso Cruzeiro, e eu queria passa-lo com minhas irmãs. Nico, Thomaz, Luca e Samael foram nadar em alto mar e eu aproveitei para me esticar ao lado de Carina nos sofás confortáveis. Cinzia sentou-se ao meu lado com um pacote tamanho família de Ruffles e Alessa se esparramou nas almofadas no chão. Ficamos em silêncio; o sol aquecendo minha pele era uma sensação deliciosa. O sol em Las Vegas era tão forte que nem o protetor solar me impedia de ficar queimada. 

— Eu vi você e Nico ontem. — Alessa disse depois de vários minutos em silêncio. Meu corpo paralisou em choque e eu tive que me forçar a não sair correndo de vergonha. — Ele me viu e continuou fazendo o que estava fazendo com você. 

Uma respiração dura escapou por minha boca e eu me sentei para observar minha irmã. Sua expressão era um misto de vergonha e raiva. 

— Estava escuro demais, ele teria me dito… 

— Não. — Alessa cortou. — A luz estava iluminando vocês dois perfeitamente, e eu vi que ele me viu. 

— Viu a onde, gente? — Carina perguntou confusa. Cinzia continuou comendo suas batatas e observando com curiosidade. 

— Eles estavam transando na água. — Minha irmã gêmea explicou fazendo meu rosto ficar quente de vergonha. — Talvez ele goste de ser observado, afinal. 

— Eu tenho certeza que Nico não viu você! — Exclamei me colocando de pé. — Ele não é esse monstro que você pensa, ele se preocupa comigo. 

— Meu Deus. Menos de dois meses de convivência e você já está apaixonada pelo bastardo. — Alessa censurou fazendo meu sangue ferver de raiva. 

— Não o chame assim. Não fale dele nesse tom. — Sibilei; a raiva era como um terremoto destruindo todo meu autocontrole. Alessa também se colocou de pé. 

— Eu não consigo acreditar que você esteja defendendo o cara. Você me faz pegar raiva dele por ter te machucado na noite de núpcias e agora o adora? Sério? — Alessa deu um passo em minha direção, cheia de ultraje. — Pelo amor de Deus, Alessia. Não se esqueça de quem ele é, do que ele fez, ele não merece sua lealdade cega, não merece que você o defenda! Ele não vale nada! Ele é um monstro que te machucou quando você mais precisava dele, ele é um monstro! 

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora