CAPÍTULO 41.

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NICO

Eu sabia que Dante se voltaria contra mim em algum momento, só não sabia quando. A desconfiança me tomou quando um atentado ocorreu em sua própria casa e apenas Luca e alguns soldados saíram feridos. Nenhum dos tiros foram pra matar, exceto quando foram direcionados a Luca. Ele sabia que seria impossível me matar, até mesmo planejando um atentado onde eu estava. Todos os soldados agiam para proteger o Capo, como as abelhas faziam com a rainha e o antigos guardas reais faziam com a monarquia. Todos os soldados que me respondiam dariam suas vidas por mim, afinal, eles tinham jurado por sua honra que lutariam por mim e eu os tinha recompensado com glória e poder, uma Camorra invencível, temida por todas as outras organizações criminosas. Eles amavam a Camorra e a Camorra era eu.
Dante não estava em casa, era o dia da semana em que ele se encontrava com sua amante de vinte e um anos, e eu sabia que encontraria apenas sua esposa e sua filha pequena em casa. Abri um sorriso quando Linda abriu a porta e me encontrou, ao seu lado, Cassiana sorriu amplamente. 

— Senhor Nico! — Ela saudou feliz e ficou ainda mais animada quando viu o embrulho em minha mão. 

— Trouxe um presente para você, Cassie. — A pequena garota sorriu pegando o grande embrulho e correu para a sala. Sua mãe me olhou incerta. 

— Senhor Parisi, aconteceu alguma coisa? — Linda perguntou dando espaço para que eu entrasse. — Dante está no golfe. 

Lancei um olhar para Cassiana, me certificando de que ela estava entretida com a boneca cara que comprei para ela. 

— Seu marido está fodendo com uma garota trinta e nove anos mais nova que ele nesse exato momento, Linda. — Eu disse em voz baixa para não perturbar os ouvidos inocentes da criança. Linda endureceu. 

— Meu marido é fiel. — Eu não sabia se ela realmente acreditava naquilo ou se forçava a acreditar para ser feliz ao lado dele. Tirei o celular do bolso e dei alguns toques na tela antes de vira-lo para Linda; as fotos de Dante e sua amante não me deixavam mentir. 

— Ele não é, Linda. Mas você não precisa mais se preocupar com isso. — Eu coloquei a mão sobre o coldre onde repousava minha arma e abri um sorriso para a mulher. — Mande Cassie esperar no quarto dela, Linda. 

A mulher estremeceu de medo, os olhos verdes arregalados conforme estudava minha mão sobre a arma. Lentamente ela se virou para a filha. 

— Cassiane, vá mostrar seu quarto para a boneca nova, e não saia de lá. Mamãe e o Senhor Nico irão ter uma conversa de adultos, certo? — Eu podia ver o esforço que ela fazia para sua voz não falhar, mas Cassie não percebeu. 

— Certo! — Cassie pulou do sofá segurando a boneca Barbie firmemente contra o peito e correu até mim. — O nome dela e Alessia, como sua esposa! 

— Alessia vai adorar saber, Cassie. 

A menina correu em direção as escadas e quando saiu de vista, Linda suspirou com alívio mesmo que seu rosto estivesse cheio de medo. Indiquei a cozinha com um menear de cabeça e a mulher seguiu em direção a ela sem dar uma palavra. Linda desabou sobre uma das cadeiras da cozinha e respirou fundo. 

— Ele disse que nunca me trairia. — Ela sussurrou com lágrimas escorrendo pelo rosto, me sentei ao lado dela e retirei do bolso a carta de minha mãe. — O que é isso? 

— Você e minha mãe eram muito amigas… 

— Nós éramos como irmãs! — Linda sibilou. — Desculpe, eu… 

— Leia a carta que ela me deixou antes de morrer, Linda. 

Linda abriu a carta com desespero. Ela amava minha mãe, sentia a falta dela desde que ela se matou. Hoje ela descobriria o motivo, e também saberia que seu marido havia traído-a com sua melhor amiga. 

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora